Lausanne, Suíça - As negociações para evitar que o Irã produza a bomba nuclear entraram em uma nova fase decisiva nesta quarta-feira (1;;/4), com alguns avanços, mas com vários obstáculos para alcançar um acordo.
Depois do fim do prazo, fixado para a meia-noite de terça-feira (31/3), para estabelecer os princípios do que os negociadores esperam que seja um acordo histórico, a maratona de reuniões em Lausanne (Suíça) foi interrompida por algumas horas durante a noite.
As negociações ficaram "paralisadas em várias questões importantes", afirmou um diplomata alemão.
Nesta quarta-feira, as grandes potências e o Irã entraram no sétimo dia de negociações. A China pediu que as duas partes aceitem concessões.
O chefe dos negociadores sobre o programa nuclear do Irã, Abbas Araghchi, afirmou que ainda existem problemas.
Em uma entrevista ao canal estatal iraniano, Araghchi explicou o que trava as negociações.
"Até que tenhamos soluções para todos os problemas não podemos chegar a um acordo completo", afirmou, antes de mencionar que os principais pontos bloqueados são os relativos às sanções e à pesquisa e desenvolvimento nuclear.
Araghchi destacou que durante a tarde um comunicado conjunto deve ser divulgado para explicar os avanços dos últimos dias.
"Conseguimos avanços importantes nos últimos dias, mas lentamente", disse o ministro britânico das Relações Exteriores, Philip Hammond, que afirmou "cruzar os dedos" por um sucesso nas negociações, que segundo ele registraram avanços "notórios".
O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, afirmou à imprensa russa que as grandes potências chegaram a um "acordo de princípio sobre todos os aspectos-chave do acordo final".
Mas o chanceler da China, Wang Yim, afirmou em um comunicado que "todas as partes devem estar preparadas para ceder um pouco para poder alcançar um acordo.
O grupo 5%2b1 (Estados Unidos, China, França, Grã-Bretanha, Rússia e Alemanha) tenta alcançar um acordo que sirva de base para um futuro pacto que inclua todos os detalhes técnicos, que seria assinado até 30 de junho, para impedir que o Irã produza armamento nuclear.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu pediu à comunidade internacional deve obter um acordo melhor com o Irã.
"Agora é quando a comunidade internacional deve insistir em obter um acordo melhor", declarou Netanyahu, antes de advertir que as concessões feitas ao Irã em Lausanne podem resultar em um "acordo ruim que colocaria em perigo Israel, o Oriente Médio e a paz no mundo".
Ao final da reunião em Lausanne na véspera, o presidente Barack Obama reuniu-se em Washington com seus assessores do Conselho de Segurança Nacional para analisar o resultado das negociações.
"O presidente foi posto a par do avanço das negociações pelos secretários (de Estado, John) Kerry e (da Energia, Ernie) Moniz, assim como por outros membros da equipe de negociações de Lausanne", disse a porta-voz do Conselho, Bernadette Meehan, acrescentando que Obama agradeceu aos negociadores por seus esforços.
Pontos de atrito
Três pontos-chave continuam a bloquear uma solução: a duração do acordo, o fim das sanções da ONU e o mecanismo de garantia e controle.
No ponto que diz respeito à duração do acordo, as grandes potências desejam um quadro estrito de controle das atividade nucleares iranianas por ao menos 15 anos, mas o Irã não quer se comprometer além de 10 anos.
Na questão da retirada das sanções da ONU, os iranianos querem o fim de todas as sanções econômicas e diplomáticas, consideradas humilhantes, assim que o acordo for assinado, mas as grandes potências desejam uma retirada gradual dessas medidas ligadas à proliferação nuclear e adotadas a partir de 2006 pelo Conselho de Segurança da ONU.
Em caso de retirada de algumas dessas sanções, certos países do 5%2b1 querem um outro mecanismo que permitiria reimpor rapidamente as punições em caso de descumprimento por Teerã de seus compromissos.