Sanaa, Iêmen - Pelo menos 45 pessoas morreram e 65 ficaram feridas em um ataque aéreo que atingiu um acampamento de deslocados em Hajja, noroeste do Iêmen, anunciou um funcionário da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF).
"Foi um bombardeio aéreo", disse Pablo Marco, diretor do programa da MSF para o Oriente Médio, antes de completar que o número de mortos deve ser ainda maior.
[SAIBAMAIS]Uma fonte da ONU havia confirmado alguns minutos antes um bombardeio em Al-Mazrak, sem ter condições de anunciar um balanço de vítimas.
Aviões de guerra da coalizão árabe liderada pela Arábia Saudita bombardearam posições dos rebeldes huthis no Iêmen nos últimos cinco dias.
O acampamento atingido abriga desde 2009 iemenitas deslocados pelo conflito entre a milícia xiita e o governo central.
O diretor da MSF afirmou que nos últimos dois dias o acampamento havia recebido 500 novas famílias.
Segundo fontes da administração local, o campo atacado encontra-se a menos de 10 km de um quartel-militar.
Nove países árabes liderados pela Arábia Saudita iniciaram na quinta-feira uma série de bombardeios contra os rebeldes xiitas que conquistaram a capital Sanaa e vastos territórios no centro e no oeste do Iêmen.
Depois de receber um apoio firme da Liga Árabe, esta coalizão mantinha nesta segunda-feira uma pressão militar extrema contra os rebeldes xiitas e seus aliados, enquanto os confrontos se estendiam ao sul do país.
Bombardeio ao norte de Árden
A Liga Árabe, reunida durante o fim de semana no Egito, insistiu no domingo que a operação militar no Iêmen seguirá até que os milicianos xiitas huthis deponham as armas.
No fim da tarde desta segunda-feira, novos ataques aéreos atingiam o norte de Sanaa, indicou um jornalista à AFP.
Pouco antes, um oficial do exército iemenita declarou à AFP que os bombardeios da coalizão tinham como alvo várias colunas de militares leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh, aliado dos huthis, ao norte de Áden (sul).
Estes ataques, que já deixaram 12 mortos, pretendem evitar que os rebeldes avancem ao pequeno aeroporto internacional de Áden, acrescentou o oficial.
Outro oficial do exército declarou, por sua vez, que sete soldados aliados dos huthis faleceram por disparos de forças paramilitares ao tentarem atacar este aeroporto.
Em Daleh, outra cidade do sul, oito civis morreram em bombardeios que uma autoridade local atribuiu a forças de Saleh.
Governo legítimi
A intervenção militar dos países árabes foi realizada a pedido do presidente iemenita Abd Rabo Mansur Hadi, que fugiu à Arábia Saudita ante o avanço dos huthis, que tomaram a capital Sanaa e amplos territórios no centro e no oeste do Iêmen.
"O objetivo final da operação é reinstaurar um governo legítimo e retomar o processo político. Vamos conseguir", comentou um diplomata de um país do Golfo.
Entretanto, vários países seguiam retirando seus cidadãos do Iêmen. Nesta segunda-feira, Pequim anunciou ter retirado do país cerca de 450 chineses ante a deterioração da situação. A Indonésia fez o mesmo com 90 de seus cidadãos.
A ofensiva militar contra os adversários de Hadi coincide com outra na frente diplomática. O filho do ex-presidente Saleh foi demitido de seu posto de embaixador nos Emirados Árabes Unidos a pedido de Abu Dabi, indicaram nesta segunda-feira autoridades diplomáticas.
Saleh, presidente do Iêmen entre 1978 e 2012, é considerado o maior artífice da ascensão dos huthis, embora seu regime tenha realizado seis guerras contra eles.
O ex-chefe de Estado se aliou aos rebeldes após sua marcha forçada do país, há três anos, ante a pressão popular.