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Resultado na Andaluzia é o primeiro reflexo de mudança política na Espanha

O fim do bipartidarismo, presente no cenário político espanhol há quatro décadas, é visto como consequência inevitável do desgaste gerado pela crise econômica

Moradores de Madri, capital espanhola, reagiram aos resultados das eleições na região autônoma da Andaluzia, no Sul da Espanha, nesse domingo (22). Para muitos espanhóis, o espaço conquistado no Parlamento andaluz por novos partidos, como o Podemos, de esquerda, e o Ciudadanos, de centro-direita, é o primeiro reflexo de uma mudança política no país.

O fim do bipartidarismo, presente no cenário político espanhol há quatro décadas, é visto como consequência inevitável do desgaste gerado pela crise econômica e pelos constantes escândalos de corrupção envolvendo o Partido Popular (PP), atualmente no comando do governo, e o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE).

;De agora até as eleições gerais, no fim do ano, as coisas continuarão mudando. Eu acho que é um sintoma de que as coisas estão começando a mudar;, disse o madrilenho Nacho Romay. O analista político espanhol, Jose Murado, concorda. Para ele, o fato de que os votos estão indo para outros partidos deve ser motivo de preocupação para o Partido Popular do primeiro-ministro Mariano Rajoy. ;Temos as eleições autônomas e municipais, em maio, e as eleições catalãs, em setembro, que nos darão uma visão mais clara do que pode ser essa mudança;, ressaltou.

Outro madrilenho, Jose Surera, acha que a ;forte entrada do Ciudadanos e do Podemos no cenário político é benéfica para o antes bipartidário sistema eleitoral. Eu vejo o PP e o PSOE fazendo um esforço maior para acertar, e os outros partidos trabalhando para ganhar mais base. Será uma disputa interessante daqui pra frente;, observa.

No pleito da Andaluzia, que levou mais de 6 milhões de eleitores às urnas, o PSOE saiu vitorioso, elegendo 47 dos 109 assentos no Parlamento regional (35,4%). O Partido Popular reduziu sua participação, de 50, em 2012, para 33 deputados (26,8%). Em terceiro e em quarto lugares ficaram os recém-criados Podemos, que alcançou 15 cadeiras (14,8%), e Ciudadanos, que fez nove deputados (9,3%). A Esquerda Unida elegeu cinco parlamentares (6,9%), perdendo sete assentos em relação à disputa anterior.