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Fundador do WikiLeaks quer acesso à investigação para depor em Londres

Segundo ele, ter acesso à documentação referente ao caso é "simplesmente o direito mínimo de qualquer pessoa envolvida em um processo judiciário"

O fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, aceita ser interrogado em Londres pela Justiça sueca, desde que tenha acesso ao processo aberto contra ele por estupro e de agressão sexual - informou um de seus advogados nesta segunda-feira.

"Precisamos ter acesso à totalidade do procedimento, que está há quatro anos e meio nas mãos da Procuradoria sueca, e não nas da defesa", declarou o juiz espanhol Baltasar Garzon, agora advogado de Julian Assange.

Há dez dias, a Procuradoria sueca decidiu interrogar e coletar DNA de Assange, na embaixada do Equador, em Londres, onde o australiano buscou asilo em junho de 2012.

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"Essa oferta sempre esteve sobre a mesa. Não cansamos de propô-la, e estou muito feliz que a Procuradoria a tenha, enfim, aceitado", declarou Assange, em vídeo, depois de uma conferência em Genebra sobre a proteção dos informantes no Ocidente.

Em paralelo à conferência, Garzon disse à AFP: "é claro que vamos aceitar esse interrogatório, mas é preciso que eles aceitem pré-condições mínimas".

Segundo ele, ter acesso à documentação referente ao caso é "simplesmente o direito mínimo de qualquer pessoa envolvida em um processo judiciário".

Garzon acrescentou que a data do interrogatório ainda deve ser estabelecida, mas "deve acontecer rapidamente".

Duas suecas, na faixa dos 30 anos, acusaram Assange de estupro e de agressão sexual, quando elas hospedaram-no durante congressos na Suécia. O australiano alega que as relações com as duas demandantes foram consensuais.

Refugiado na embaixada do Equador, ele consegue evitar o mandado de prisão europeu que a Grã-Bretanha espera executar assim que Assange sair da missão diplomática sul-americana. A polícia britânica vigia o local 24 horas por dia.

Assange diz temer que a Suécia possa extraditá-lo para os Estados Unidos por conta de seu papel no vazamento para o WikiLeaks de cerca de 250 mil telegramas diplomáticos americanos (os chamados "cables") e 500 mil relatórios militares confidenciais da Defesa.