Michelle Obama, a primeira esposa de um presidente americano a visitar o Camboja, pediu neste sábado às colegiais deste país que se dediquem aos seus estudos para obter as ferramentas para lutar por mais igualdade e justiça.
A primeira-dama americana está em visita ao empobrecido país asiático, que é chefiado pelo mesmo homem forte há trinta anos, o premiê Hun Sen, para apoiar a educação das meninas, enquanto 62 milhões delas não têm acesso aos estudos no mundo, uma verdadeira crise, segundo ela própria.
"Quando as meninas recebem educação, quando elas aprendem a ler, escrever e pensar, isto dá a elas as ferramentas para se expressar e falar sobre as injustiças, bem como para exigir um tratamento igualitário", afirmou em discuso às instalações da organização de ajuda americana Peace Corps, em Siemp Reap, no oeste do país.
"Isto ajuda a quem participem da vida política de seu país e exibir prestação de contas a seus dirigentes", acrescentou.
Mais cedo, Michelle, ela própria uma mulher de origem modesta, que se formou advogada na prestigiosa Universidade de Harvard, visitou uma escola com a esposa do premiê cambojano, Bun Rany, para ouvir as meninas sobre os problemas que elas enfrentam para ter acesso à educação.
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[SAIBAMAIS]As duas mulheres foram saudadas por estudantes vestindo uniformes nas cores preta e branca que acenavam bandeiras cambojanas e americanas, que cumprimentaram a primeira-dama em um inglês treinado com capricho.
Algumas das jovens descreveram as dificuldades que enfrentam para estudar, tais como longas viagens que fazem para chegar à escola e a pressão que sofrem das famílias para encontrar um trabalho ou ajudar nas tarefas domésticas.
"Todos os dias, eu acordo às 04H00 pra cozinhar o arroz que trago para a escola", contou uma menina, chamada Sohang. "Eu levo uma hora de bicicleta para chegar à escola", continuou.
O sistema educacional do Camboja foi devastado nos anos 1970, sob o regime brutal do Khmer Vermelho.
Um grande número de intelectuais e professores foi assassinado à medida que o regime de Pol Pot desmantelava a sociedade moderna em sua busca por uma utopia agrária marxista.
Este período traumático deixou o país empobrecido e com uma escassez aguda de professores, algo que ainda assombra o sistema educacional até hoje.
Segundo estatísticas do governo do Camboja, 68% das crianças estão matriculadas no ensino básico, mas este percentual despenca para 17,7% nos primeiros anos do ensino médio e para apenas 8,8% nos últimos anos deste nível.
De acordo com a organização de caridade "Room to Read", que atua na educação de crianças no país asiático, há três vezes mais meninos do que meninas nas escolas.
O governo americano lançou a iniciativa "Let Girls Learn" (Deixem as meninas aprender), que Michelle Obama promove durante sua visita. O programa será conduzido por voluntários da Peace Corps em 11 países e irá impulsionar a educação das meninas.
Antes da visita ao Camboja, a primeira-dama esteve no Japão, um importante doador da iniciativa.
Mais tarde neste sábado, a comitiva de Michelle a conduziu ao famoso complexo do templo de Angkor para a surpresa das centenas de turistas que disparavam suas câmeras na direção da primeira-dama, enquanto ela caminhava pelo local, considerado um sítio do patrimônio histórico.