Mas as perspectivas de um novo mandato para o político linha-dura, cujo discurso seguiu ainda para a direita durante a campanha, podem projetar uma sombra ainda maior nas relações, já estremecidas, entre Israel e os palestinos, além de agravar a tensão com Washington.
Na segunda-feira, ;Bibi; voltou a reafirmar a ideia de impedir a criação de um Estado palestino, enquanto os palestinos ressaltaram que intensificarão seus esforços diplomáticos para aumentar a pressão internacional sobre Israel.
O presidente palestino Mahmud Abbas avisou que trabalhará com qualquer governo israelense que aceite a solução de dois Estados, uma opção que Netanyahu afirmou no fim da campanha que não existe para o Likud.
"Para nós dá no mesmo quem será o próximo primeiro-ministro de Israel, o que esperamos é que seu governo reconheça a solução de dois Estados", declarou Nabil Abu Rudeina, porta-voz de Abbas.
"Israel escolheu o caminho do racismo, da ocupação e da colonização, e não o das negociações", disse à AFP, por sua parte, Yasser Abed Rabo, secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
O chefe dos negociadores palestinos, Saeb Erakat, se comprometeu a "acelerar, continuar e intensificar" os esforços diplomáticos, incluindo a iminente apresentação de uma denúncia contra Israel por supostos crimes de guerra ao Tribunal Penal Internacional de Haia.
A Casa Branca informou, por sua vez, que o secretário de Estado John Kerry telefonou a Netanyahu para parabenizá-lo, mas lembrou que os Estados Unidos segue apoiando uma solução de dois Estados.
Já a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, pediu que estas eleições sejam uma oportunidade para "virar a página" e relançar o processo de paz.
Negociações de governo
Segundo a lei israelense, o resultado final da votação deve ser divulgado em um prazo de oito dias, mas uma fonte do Comitê Central das Eleições disse à AFP que estará disponível na quinta-feira à tarde.
Uma vez proclamado o resultado oficial, o presidente Reuven Rivlin terá sete dias para pedir a um líder político - quase com toda certeza será Netanyahu - que forme um governo. As negociações, intensas, já tiveram início. Uma das grandes questões é saber qual será a aliança decidida por Netanyahu.
O premiê se reuniu com os líderes de vários partidos e tem a intenção de trabalhar imediatamente na formação do governo, para concluir esta tarefa em um prazo de duas a três semanas, afirma um comunicado do partido de direita.
Ele pode optar por uma coalizão voltada para a direita, o que complicaria ainda mais as relações com a comunidade internacional, incluindo o grande aliado de Israel, Estados Unidos. Também pode pensar em uma coalizão de centro ou por um governo de unidade nacional com os trabalhistas.
Netanyahu já entrou em contato com o Lar Judeu, partido nacionalista religioso que conquistou oito cadeiras, e com os ultraortodoxos Shas e Judaísmo Unido da Torá (sete cadeiras cada), assim como com o Israel Beitenu, partido nacionalista do ministro das Relações Exteriores Avigdor Lieberman (6 cadeiras), segundo o partido.
Também conversou com outro aliado potencial, Moshe Kahlon, que saiu do Likud e lidera um novo partido de centro-direita mais voltado para o social, o Kulanu, que conquistou 10 cadeiras no Parlamento.
Depois de fazer suspense, Kahlon anunciou que está disposto a entrar em um governo dirigido por Netanyahu, que no domingo prometeu a pasta das Finanças caso fosse eleito.
Já o líder trabalhista, Isaac Herzog, excluiu a possibilidade de se unir a um governo de união nacional a ser formado por Netanyahu."A oposição é a única opção realista que temos", disse Herzog durante uma reunião com os membros de sua aliança de centro-esquerda, segundo informou uma porta-voz.
"Nós representaremos uma alternativa viável e verdadeira contra um governo de direita radical. (Este governo) não durará", previu.Seu aliado centrista Tzipi Livni também parece descartar sua participação em um governo com Netanyahu.
"O sonho da coalizão de Netanyahu é um pesadelo para os israelenses (...) Devemos lutar pelo o que acreditamos, mesmo na oposição", disse, segundo a mesma porta-voz.