O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estimou que o vírus ebola atingiu 20% de crianças, do total da população infectada desde 2014. Em relatório divulgado hoje (17) sobre o impacto da doença nos três países da África Ocidental mais afetados ; a Guiné-Conacri, a Libéria e Serra Leoa ;, o Unicef diz que ;milhares de crianças foram infectadas, morreram ou ficaram órfãs por terem contraído o vírus;.
"A taxa de mortalidade nas crianças com menos de cinco anos de idade é 80%, o que significa que morreram quatro em cada cinco crianças infectadas nessa faixa etária. Para as crianças menores de um ano de idade, a taxa de mortalidade está acima de 95%", acrescenta o documento.
A agência da ONU estima em aproximadamente 10 mil o número de pessoas que morreram em decorrência da doença, desde janeiro de 2014, e afirma que o vírus ;continua a representar uma ameaça à vida e ao futuro das crianças, das famílias e comunidades; nos três países da África Ocidental mais atingidos.
;Das 24 mil pessoas infectadas pela epidemia, 5 mil são crianças. Do total, 16 mil perderam um dos pais ou principal protetor;, informa o documento.
No entanto, o número de novos casos semanais nos três países caiu para menos de 100 no fim de janeiro deste ano, em comparação aos cerca de 1.000 registrados em setembro passado.
No dia 11 deste mês, completaram-se mais de duas semanas sem que a Libéria registrasse qualquer caso, mas este mês voltaram a aparecer casos em Serra Leoa e na Guiné-Conacri, o que ;demonstra a necessidade de constante vigilância e de se tomar providências urgentes;, alerta o Unicef.
;O ebola tem causado um impacto devastador sobre as crianças na Guiné-Conacri, Libéria e em Serra Leoa. Para proteger as crianças e as comunidades é fundamental derrotar a epidemia, enquanto se trabalha para restabelecer os serviços básicos;, defendeu a organização, que estima que as crianças representam ;20% dos casos de infecção".
A coordenadora de Emergência Global do Unicef para o ebola, Barbara Bentein, considerou que "o surto não vai acabar até que não haja nenhum caso e cada um for rastreado e monitorado;.
;Não podemos nos dar ao luxo de ceder. Ao mesmo tempo, os serviços básicos precisam ser restabelecidos com segurança e responsabilidade;, disse Barbara em nota da organização.
O documento também mostra o papel que as comunidades estão desempenhando na busca de respostas visando a eliminar a doença, ao mostrar "tendências encorajadoras de comportamentos seguros;.
Cita, como exemplo, pesquisa feita na Libéria que indica que 72% dos entrevistados acreditam que qualquer pessoa com sintomas de ebola poderá melhorar se tiver atendimento em um centro de tratamento, ;o que é significativo, porque muitos preferiam manter as vítimas em casa, espalhando a infecção na comunidade;.
Como resultado desse comportamento, a agência da ONU assegura que milhares de crianças já estão imunizadas contra outras doenças, como o sarampo, o que ajudou a reduzir o risco de infecções do ebola quando as escolas reabriram, meses depois de serem fechadas e deixarem 5 milhões de crianças fora da escola.