Islamabad - As autoridades paquistanesas enforcaram nesta terça-feira 12 condenados à morte, o maior número de execuções em apenas um dia desde a suspensão em dezembro da moratória da pena capital em vigor desde 2008, indicaram autoridades à AFP.
Dois condenados foram executados em Karachi (sul), cidade vizinha de Islamabad, e dez no centro da província de Punjab (leste), declararam estes responsáveis.
"Hoje 10 condenados foram enforcados em diferentes prisões da província" de Punjab, disse o ministro do Interior da província, Shuja Khanzada, declarando que irão ocorrer mais execuções entre os presos cujos recursos de clemência já tenham sido esgotados.
Em um primeiro momento, as autoridades levantaram parcialmente a moratória sobre a pena de morte em resposta a um ataque talibã contra uma escola de Peshawar (noroeste) no dia 16 de dezembro, que deixou 154 mortos, em sua grande maioria crianças. Este levantamento envolvia apenas os casos de terrorismo.
No entanto, na semana passada o governo decidiu levantar completamente a moratória sobre a pena de morte.
Os executados desta terça-feira estavam envolvidos em casos de assassinatos ou estupros, que remontavam em alguns casos aos anos 1990. Alguns foram julgados por tribunais antiterroristas, segundo os detalhes fornecidos pelas autoridades penitenciárias.
Segundo a Anistia Internacional, 8.000 condenados à pena capital encontram-se atualmente nas prisões paquistanesas. E segundo as autoridades locais, mil deles já esgotaram todos os seus recursos jurídicos.
Os partidários da pena de morte no Paquistão argumentam que esta é a única maneira efetiva de enfrentar a onda de atentados islamitas.
Mas os defensores dos direitos humanos respondem que o sistema judicial paquistanês está repleto de torturas policiais e julgamentos injustos.
Os processos penais dão muita importância aos testemunhos e não há garantias de segurança para juízes e procuradores. Isso significa que os casos nos quais há o envolvimento de grupos armados são difíceis de administrar, devido às intimidações sofridas pelos participantes, dissuadidos a retirar as acusações.
"Este retorno vergonhoso aos enforcamentos não vai solucionar os problemas urgentes do Paquistão em matéria de segurança, legalidade e ordem", comentou na semana passada Rupert Abbott, diretor-adjunto para a região Ásia-Pacífico da Anistia Internacional.
Na semana passada, diplomatas da União Europeia se reuniram em Islamabad com funcionários da chancelaria para manifestar a eles sua preocupação pela retomada das execuções.