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Franceses vão depor como testemunhas após acidente aéreo em 'reality show'

Ao lado das autoridades argentinas, os esforços estão centrados nas causas do choque entre os helicópteros, ocorrido na tarde de segunda-feira. Havia cinco pessoas em cada aeronave, enquanto as duas voavam baixo, antes de caírem e pegarem fogo.

Villa Castelli - Uma comitiva formada por especialistas franceses chegou à província de La Rioja (Argentina), nesta quinta-feira, onde caíram dois helicópteros que se chocaram, causando as mortes de dez pessoas que participavam de um "reality show". Entre as vítimas estão três astros do esporte francês.

No total, policiais federais franceses, integrantes do Escritório de Investigação e Análise (BEA, em francês) e peritos legistas, além de representantes dos fabricantes dos helicópteros, viajaram até Villa Castelli, na província a noroeste do país e distante 1.100 km de Buenos Aires.

[SAIBAMAIS]

Ao lado das autoridades argentinas, os esforços estão centrados nas causas do choque entre os helicópteros, ocorrido na tarde de segunda-feira. Havia cinco pessoas em cada aeronave, enquanto as duas voavam baixo, antes de caírem e pegarem fogo.

No acidente, morreram oito franceses e os dois pilotos, de origem argentina. Entre os oito estrangeiros, três eram bastante conhecidos em seu país: a experiente velejadora Florence Arthaud, a nadadora Camille Muffat (campeã olímpica em Londres-2012) e o boxeador Alexis Vastine (medalhista de bronce em Pequim-2008).


No hotel Pircas Negras, em Villa Unión, povoado a 30 km do local do acidente, estão reclusos os trinta franceses que participavam no programa de sobrevivência "Dropped", transmitido pelo canal francês TF1.


"Quero voltar para a França"


No hotel, o nadador Alain Bernard e o patinador Philippe Candeloro caminhavam com o olhar perdido, três dias após a tragédia.O juiz federal Daniel Herrera, encarregado da investigação do caso, afirmou qual será o próximo passo. "Vou começar a tomar os depoimentos de alguns franceses que participaram da filmagem, mas não sei quantas pessoas".

Assim que prestarem depoimento, desportistas, cinegrafistas e técnicos da produção poderão retornar à França. Foram colocados psicólogos à disposição dos participantes do "reality show".

"Só penso em prestar depoimento e ir embora. Quero voltar e visitar os pais de Camille Muffat", declarou Bernard, campeão olímpico nos 100 metros livres, nas Olimpíadas de Pequim.

Com o objetivo de apressar a investigação, o juiz vai tomar os depoimentos dentro do próprio hotel, encravado nas montanhas e a menos de 100 km da fronteira com o Chile.


Necropsias ainda não foram feitas

Em La Rioja, capital na província de mesmo nome, ainda não foram realizadas as necropsia nos dez corpos. "Os cadáveres estão divididos entre os necrotérios de dois hospitais, à espera dos peritos franceses, que se unirão a especialistas argentinos para esta fase de identificação", explicou um médico legista no hospital Virgem de Fátima.

O necrotério da província, para onde previa-se o traslado das vítimas do acidente, tem capacidade para apenas dois corpos.

Em Villa Castelli, onde ocorreu o acidente, situada a 300 km de distância da capital La Rioja, os especialistas aeronáuticos franceses a serviço do BEA trabalham com os fabricantes dos aparelhos Turbomeca e Eurocopter. Com isso, já começaram a ser abertas as carcaças derretidas dos helicópteros.

Presidenta na Junta de Investigação de Acidentes da Aviação Civil argentina (JIAAC), Pamela Suárez informou que "passado o trabalho de campo, destinado a enumerar os elementos primordiais para a investigação, será dado prosseguimento à análise das peças reunidas no laboratório de Buenos Aires".

Para vários especialistas em Aeronáutica, trata-se de episódio de falha humana cometida por um dos pilotos dos helicópteros Écureuils, fabricados em 2010.

O objetivo do ;reality;, cujos participantes eram os melhores atletas na França, consistia em abandoná-los em zonas remotas e inóspitas com o desafio de retornar à chamada civilização em menos de 72 horas.