O chefe da polícia de Ferguson (Missouri), Thomas Jackson, renunciou nesta quarta-feira após um contundente relatório elaborado pelo departamento de Justiça dos EUA condenar o assassinato do jovem negro Michael Brown por um policial branco. O pedido de demissão é o mais recente desdobramento do caso, ocorrido em agosto de 2014.
Thomas Jackson é o último funcionário a entregar o cargo em Ferguson, nos arredores de Saint Louis, sete meses após Brown ser baleado e morto pelo policial Darren Wilson. Este fato foi o estopim para protestos indignados e um debate nacional sobre o endurecimento na lei contra o racismo.
"É com profunda tristeza que anuncio minha saída do cargo de chefe de polícia", escreveu Jackson em sua carta de demissão, reproduzida pelo jornal St Louis Post-Dispatch. "Foi uma honra e um privilégio servir a esta grande cidade, junto a vocês".
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[SAIBAMAIS]Há uma semana, o departamento de Justiça americano divulgou um relatório, rico em detalhes, no qual acusa a polícia de Ferguson de adotar, reiteradamente, práticas racistas quase institucionalizadas.
Jackson é o sexto funcionário a pedir demissão em Ferguson. Também estão na lista um juiz municipal e o gestor municipal John Shaw.
O prefeito James Knowles segue no cargo e prometeu reformas profundas na localidade, onde vivem 21 mil habitantes, dos quais dois terços são negros.
Na quarta-feira passada, o Departamento de Justiça disse que não havia provas suficientes para processar Wilson com base na lei federal de direitos civis. A incidente envolvendo Brown, 18 anos, e Wilson ocorreu no dia 9 de agosto e resultou na morte do rapaz, em uma rua residencial tranquila.
Darren Wilson, que não é mais policial em Ferguson, disse que disparou contra Brown depois que o jovem - suspeito de assalto a uma loja - tentou tirar sua arma.
Testemunhas insistem que Brown tinha colocado as mãos acima da cabeça, rendendo-se, quando Wilson atirou contra ele.
Em novembro, um júri decidiu não indiciar Wilson pelas acusações de assassinato ou homicídio culposo, o que deu início a novos protestos, alguns dos quais violentos.