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Parentes não conseguem visitar 120 manifestantes detidos em Mianmar

Eles participavam de uma passeata de estudantes para protestar contra uma reforma educativa considerada antidemocrática

Os familiares dos mais de 120 manifestantes detidos na terça-feira em Mianmar não conseguiram vê-los nesta quarta-feira, um dia depois de uma forte repressão policial que recordou as horas mais sombrias da junta militar que controlou o país durante mais de duas décadas.

Os pais dos presos se reuniram na prisídio da região de Letpadan, onde supostamente seus filhos se encontram presos, mas não tiveram acesso a eles.

Mais de 120 manifestantes detidos e dispersados violentamente participavam em uma passeata de estudantes para protestar contra uma reforma educativa considerada antidemocrática.

Os Estados Unidos condenaram a repressão, dizendo estar "profundamente preocupados com as informações sobre o uso da violência pela polícia contra os manifestantes", segundo a porta-voz do Departamento de Estado, Jennifer Psaki.

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[SAIBAMAIS]O ministério da Informação citou 127 detenções na manifestação em Letpadan, no centro do país, e cuja repressão lembra os dias negros da junta militar. "Alguns ficaram feridos durante a repressão e foram levados ao hospital", declarou a polícia, que indicou que 16 policiais também se feriram.

Jornalistas da AFP presenciaram o momento em que a polícia reprimiu os estudantes a pauladas e os colocava em caminhões.

A ONG Human Rights Watch denunciou um "uso excessivo da força" e "um retorno aos piores dias de Mianmar", em referência à época da junta militar, que não tolerava protestos.

O porta voz do governo, Ye Htut, justificou a ação da polícia "porque os manifestantes os atacaram rompendo as barreiras" que os impediam de avançar.

Os estudantes exigem a descentralização do sistema educativo, a possibilidade de criar sindicatos e a educação nas várias línguas das minorias do país.