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Principal suspeito de matar Nemtsov pode ter confessado sob tortura

Detido ao lado de outros quatro suspeitos, Dadayev foi indiciado no domingo (8/3) pelo assassinato de Nemtsov por um tribunal de Moscou

Moscou, Rússia - O principal suspeito do assassinato do opositor russo Boris Nemtsov confessou aparentemente sob tortura, afirmou à AFP um integrante do Conselho Consultivo dos Direitos Humanos do Kremlin, depois de visitar o réu na prisão.

"Há razões para acreditar que Zaur Dadayev confessou sob tortura", declarou Andrei Babushkin, que observou "muitos ferimentos" no corpo do suspeito, um ex-policial checheno, quando o visitou em sua cela na terça-feira (10/3). Babushkin disse que o detento tinha sobretudo marcas provocadas pelas algemas nas mãos e ferimentos nas pernas e nos dedos dos pés.

Dadayev, ex-policial de 30 anos das forças especiais chechenas, afirmou ter passado dois dias algemado com uma bolsa têxtil na cabeça, após a detenção na semana passada, afirmou Babushkin, que o visitou ao lado de um jornalista russo que também integra o conselho consultivo. "Gritavam o tempo ;Foi você que matou Nemtsov?; Eu respondia que não", declarou Dadayev, segundo Babushkin.

Dadayev disse que estava ao lado de um amigo quando foi detido na Inguchétia, uma república vizinha da Chechênia. "Os policiais afirmaram que se confessasse, me deixariam em liberdade. Aceitei pensando que assim ficaria salvo", afirmou Dadayev. Os maus-tratos e a tortura são práticas comuns nas prisões russas ou durante as detenções e interrogatórios.



Detido ao lado de outros quatro suspeitos, Dadayev foi indiciado no domingo (8/3) pelo assassinato de Nemtsov por um tribunal de Moscou, que anunciou que o envolvimento do checheno foi "confirmado pela confissão".

Nemtsov foi morto a tiros quando caminhava com a namorada por uma área próxima do Kremlin em 27 de fevereiro. Os investigadores afirmaram que não descartam nenhuma hipótese, citando tanto a pista islamita como a dos nacionalistas russos descontentes com as críticas de Nemtsov sobre o papel de Moscou no conflito ucraniano.