Um francês, um belga e três malineses foram mortos na madrugada deste sábado em um restaurante no centro de Bamako, no primeiro atentado contra ocidentais na capital do Mali que vive desde 2012 sob a ameça jihadista. O ataque, qualificado de "terrorista" pelo governo malinense, foi reivindicado pelo grupo jihadista Al Murabitun, do argelino Mojtar Belmojtar.
[SAIBAMAIS]"Reivindicamos a última operação realizada em Bamako pelos valentes cavaleiros de Al Murabitun para vingar nosso profeta (...) e nosso irmão Ahmed Tilemsi", que o Exército francês matou em dezembro, afirmou um porta-voz em um áudio difundido pelo Al Akhbar, que publica habitualmente comunicados da Al-Qaeda.
O primeiro-ministro Modibo Keita, que reuniu o Conselho da Defesa, afirmou que "os malinenses devem compreender que não há nada acima da paz". Modibo Keita e o chefe de Estado, Ibrahim Boubacar Ke;ta, visitaram esta tarde o local do atentado, no bairro do Hipódromo.
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O atentado também deixou pelo menos oito pessoas feridas, incluindo três suíços, entre eles uma mulher que está em estado grave, segundo fontes médicas. O chefe de Estado francês, Francois Hollande, denunciou "com a maior força o ataque covarde" de Bamako e prometeu ajudar o presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, na luta contra o extremismo, informou a presidência francesa.
De acordo com a polícia do Mali, pelo menos um homem armado entrou pouco depois da meia-noite (hora local e GMT - 21h00 de sexta-feira no horário de Brasília) no restaurante La Terrasse, um estabelecimento muito apreciado por expatriados e localizado em uma rua movimentada da capital.
Ele lançou granadas antes de abrir fogo, e depois jogou outras duas granadas ao fugir a bordo de um veículo conduzido por um cúmplice, e mdireção a uma patrulha da polícia, matando um policial.
O agressor, que estava mascarado, teria gritado ;morte aos brancos!', segundo uma fonte diplomática. O jovem francês mortono ataque foi identificado como Fabien Guyomard, de 30 anos, segundo anunciou o ministro francês das Relações Exteriores, Laurent Fabius.
Um amigo da vítima, Zakaria Ma;ga, declarou à AFP que "identificou o corpo" no necrotério da cidade. Solteiro e sem filhos, nascido em 4 de outubro de 1984 na França, Fabien Louis Guyomard vivia em Bamako desde 2007. Ele trabalhava para a ICMS Africa, uma empresa americana especializada na construção de luxo, segundo este amigo.
O chefe da missão da ONU no Mali (Minusma), Mongi Hamdi, condenou um "ataque hediondo e covarde", "realizado por pelo menos uma pessoa mascarada, que abriu fogo contra os clientes". Ele acrescentou que entre os feridos estão "dois especialistas internacionais que trabalham com o Serviço das Nações Unidas de Luta Contra as Minas Terrestres (UNMAS) da Minusma."
Dois suspeitos, presos mais cedo neste sábado, foram liberados à tarde por não estarem envolvidos no caso, de acordo com fontes policiais do Mali.
;Lutar contra o terrorismo;
O ministro belga das Relações Exteriores, Didier Reynders, condenou "este terror vil e covarde que atingiu Bamako", e confirmou a morte de um cidadão belga. Trata-se de um funcionário da União Europeia (UE) no Mali, de acordo com a comitiva do Alto Representante para as Relações Exteriores da UE. "Este crime reforça a nossa determinação para lutar contra o terrorismo em todas as suas formas", disse o chanceler francês, Laurent Fabius.
O norte do Mali vive desde 2012 sob o controle de grupos jihadistas ligados à Al-Qaeda. A maioria dos extremistas foram expulsos pela operação Serval, lançada por iniciativa da França em janeiro de 2013, que foi sucedida em agosto de 2014 pela Operação Barkhane, cujo alcance se estende a toda a região Sahel-Saharan.
Contudo, extensas áreas do norte ainda escapam do controle do governo central, mas os ataques jihadistas, que tinham aumentado desde o verão, especialmente contra a Minusma, que conta com cerca de 10.000 soldados e policiais, diminuíram de intensidade.
O ataque desta madrugada ocorre num momento em que a rebelião tuaregue está sob forte pressão internacional, incluindo da ONU, para assinar até o final do mês um acordo de paz, tal como já fez o governo do Mali em 1; de março, em Argel.