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Sob pressão do Congresso americano, Hillary Clinton divulgará e-mails

Lei americana determina a conservação no Arquivo Nacional de toda a correspondência profissional de funcionários do governo

Washington, Estados Unidos - Hillary Clinton, criticada pelos republicados por ter usado exclusivamente um e-mail pessoal no período em que era chefe da diplomacia americana, afirmou na quarta-feira (4/3) à noite que deseja divulgar as mensagens eletrônicas. "Quero que as pessoas leiam meus e-mails. Pedi ao Departamento de Estado que publique. Eles (o Departamento de Estado) afirmaram que revisariam para divulgá-los o mais rápido possível", escreveu no Twitter.

Durante os quatro anos que passou à frente do Departamento de Estado (2009-2013), a também ex-primeira-dama jamais usou o e-mail oficial (que termina com state.gov). Ela preferiu um endereço pessoal, o que poderia constituir uma violação das normas e comprometer a segurança de comunicações consideradas sensíveis.

Os republicanos do Congresso apresentaram na quarta-feira uma solicitação para obter todos os e-mails enviados por Hillary Clinton durante o período.

O presidente da comissão que investiga o ataque à missão diplomática americana em Benghazi (2012), Líbia, o republicano Trey Gowdy, afirmou ter descoberto recentemente que o Departamento de Estado não produziu correspondência nos quatro anos de Hillary no comando da diplomacia, já que ela utilizava exclusivamente um sistema particular de e-mail.

O Departamento de Estado respondeu à mensagem da democrata com o anúncio de que publicaria os e-mails "segundo os procedimentos normais que administram este tipo de publicação". "Vamos fazer a revisão o mais rápido possível. Com o grande volume de informações envolvidas, a análise levará algum tempo", afirmou uma porta-voz, Marie Harf.

Dilema para Hillary

Hillary Clinton se encontra agora em um dilema, com os republicanos prontos para criticá-la por sua atuação e os democratas evitando defendê-la por sua iminente entrada na disputa pela candidatura democrata à presidência para 2016.

Vários congressistas democratas se recusaram a comentar o tema, que alguns analistas já chamam de "e-mailgate". "Não sei se o escândalo pode ter um efeito sobre a eventual candidatura de Clinton", disse o representante democrata John Lewis.

Hillary Clinton saiu de sua reserva após uma série de ataques do lado republicano. Um de seus potenciais rivais na disputa pela presidência no próximo ano, o ex-governador republicano da Flórida Jeb Bush, pediu imediatamente a publicação dos e-mails.

Outro rival potencial, o ex-governador do Texas, Rick Perry, disse que o tema ilustra "a falta de transparência" de Hillary Clinton. "É um problema ético que ela terá que resolver", declarou ao canal Fox News. "Pelo que vi até agora penso que não é mais que uma forma de atacar Hillary Clinton, nada mais", disse indignada, a congressista democrata Elijah Cummings, que integra a comissão de investigação.


No mês passado, a imprensa americana revelou que a fundação da família Clinton aceitou doações de governos estrangeiros. De acordo com o jornal New York Times, 50.000 e-mails de Hillary Clinton foram entregues recentemente ao Departamento de Estado, mas os republicanos afirmam que não existe nenhuma garantia de que todas as mensagens importantes tenham sido transmitidas para a conservação.

A lei americana determina a conservação no Arquivo Nacional de toda a correspondência profissional de funcionários do governo. Desde 2014, qualquer comunicação enviada de um e-mail particular também deve ser enviado para o endereço governamental para o arquivamento.