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Nigeriana morta por multidão em fúria não era mulher-bomba

Thabita era uma jovem normal que trabalhava como vendedora, até sofrer de um problema mental, em razão do que ficou internada por várias vezes, entre 2007 e 2013.

Kano - A mulher linchada e morta por uma multidão enfurecida no domingo passado em Bauchi, nordeste da Nigéria, era uma deficiente mental e não uma mulher-bomba do grupo islamita Boko Haram, informou a polícia nesta quarta-feira.

Thabita Haruna, de 33 anos, foi morta e teve o corpo queimado por uma multidão depois de ter se negado a ser revistada na entrada de um mercado da cidade, o que levantou suspeitas de que seria uma camicase enviada pelos extremistas do Boko Haram.

[SAIBAMAIS]

"As investigações comprovam que essa mulher sofria de um distúrbio mental e não tinha intenção de cometer um ataque suicida", declarou à AFP o porta-voz de polícia Haruna Mohammed. "Não podemos deixar que as pessoas façam justiça com as próprias mãos", acrescentou.


"Agora, prosseguimos com a investigação. Quando os autores do linchamento forem detidos, nós os apresentaremos à Justiça", pontuou o porta-voz.

Thabita era uma jovem normal que trabalhava como vendedora, até sofrer de um problema mental, em razão do que ficou internada por várias vezes, entre 2007 e 2013.

"No sábado, ela saiu de casa sem dizer aonde ia. Procuraram por ela em todo o bairro, mas não a encontraram", contou a mãe de Thabita.

Até que, no domingo, "ela apareceu em Muda Lawal, onde foi linchada, humilhada e queimada. Antes de a matarem, os agressores encontraram o documento de identidade de sua irmã Alheri", o que, segundo a mãe, foi o que permitiu a identificação. O trágico incidente do domingo revela o temor criado pela número crescente de atentados suicidas cometidos por mulheres aliciadas pelo Boko Haram.