La Paz, Bolívia - A justiça boliviana ordenou nesta quarta-feira a captura de um ex-promotor que se refugiou no Brasil enquanto era processado por ter abandonado a investigação do "caso Rózsa", que envolvia um suposto plano de atentado contra o presidente Evo Morales.
"Foram emitidas medidas de lei para sua captura e também foi expedido um mandado de prisão, proibição de deixar o país e o bloqueio de seus bens", declarou o juiz da sentença, Eduardo González, em Sucre, sudeste da Bolívia, onde corre o processo.
A determinação judicial foi adotada devido às repetidas ausências do ex-promotor Marcelo Soza nas audiências legais, explicou González. Soza optou por deixar o caso em 2013, alegando ser vítima de perseguição política. Foi declarado rebelde e viajou ao Brasil, onde atualmente vive como refugiado.
O ex-promotor estava sendo julgado por sua atuação no caso da morte de mercenários acusados de planejar um ataque contra o presidente Evo Morales. Soza disse em sua defesa que ele se julga não ser "complacente a decisões políticas".
Até maio de 2013, Soza investigou o grupo liderado pelo boliviano-croata Eduardo Rózsa Flores, morto pela polícia em 2009 e quem, segundo a acusação, teria planejado um atentado contra Morales.
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Sobre Soza pesam três processos por suposta extorsão de envolvidos no caso e por falta de adequação em suas funções, especialmente desde a aparição de um vídeo onde afirma que o caso foi totalmente forjado.
O "caso Rózsa" se refere aos supostos planos seu grupo teria de armar uma milícia civil com o objetivo de iniciar uma guerra separatista na região de Santa Cruz (leste), a mais próspera da Bolívia, um plano que incluía um atentado contra o atual presidente, segundo o governo.
A polícia entrou em abril de 2009 em um hotel de Santa Cruz e matou Rózsa e seus companheiros Michael Dwyer (irlandês) e Arpad Magyarosi (romeno-húngaro). Para a ONG Human Rights Watch, as circunstâncias do tiroteio não foram esclarecidas e consideram que Dwyer pode ter sido injustiçado.
Na mesma operação foram presos Mario Francisco Tadic (boliviano-croata) e Elod Toasó (húngaro), que se declararam culpados neste mês após um processo que se prolongou por mais de cinco anos.