Paris, França - Ao menos cinco drones foram vistos sobrevoando Paris na madrugada desta terça-feira nas proximidades da embaixada dos Estados Unidas, da Torre Eiffel e da Praça da Concórdia, sem que a polícia francesa tenha conseguido deter seus pilotos.
Estes sobrevoos enigmáticos não são inéditos na capital, mas esta é a primeira vez que tantos dispositivos são identificados em uma única noite, de acordo com fontes próximas à investigação.
Os aparelhos em questão passaram por cima das áreas mais sensíveis de Paris, enquanto há um forte esquema de segurança, implementado após os ataques jihadistas no início deste ano.
Os ataques contra a revista satírica Charlie Hebdo, policiais e um mercado kasher fizeram 17 mortos entre os dias 7 e 9 de janeiro.
De acordo com fontes próximas à investigação, um primeiro drone foi flagrado pouco depois da meia-noite (20h00 no horário de Brasília) voando sobre a embaixada dos Estados Unidos, localizada no oitavo distrito, perto do Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa.
Rapidamente, em razão da natureza sensível do local, os agentes da polícia presentes na localidade tentaram seguir o dispositivo, que "continuou a voar em direção ao Invalides", informou uma dessas fontes, antes de a polícia perder seu paradeiro.
Quatro outros aviões não tripulados foram vistos entre 1h00 (21h00 de Brasília) e 6h00 (2h00 de Brasília), "sobrevoando muitos lugares em Paris", assegurou a mesma fonte, citando a Torre Eiffel, a Torre Montparnasse, arranha-céu do sul do capital, e ainda a Praça da Concórdia, aos pés da Champs Elysees.
Durante quase seis horas, quase todos os serviços policiais foram mobilizados na capital para tentar, em vão, encontrar os pilotos desses aparelhos. "Tentamos de todas as maneiras interceptar os pilotos, mas eles não foram detectados", lamentou uma fonte.
"Pode se tratar de uma ação coordenada, mas não sabemos mais nada por enquanto", explicou a fonte.
"Se foi uma brincadeira ou uma ação de reconhecimento para uma ação futura, a investigação dirá", declarou um delegado parisiense. Nenhuma organização reivindicou até o momento a ação.
Em relação ao sobrevoo da embaixada americana, as investigações têm sido confiadas à seção de investigação da Gendarmeria de Transporte Aéreo (GTA). A polícia judiciária de Paris é responsável pelos outros sobrevoos.
Nos últimos meses, vários destes aparelhos foram localizados nas proximidades de locais sensíveis, incluindo de muitas usinas de energia nuclear no país.
Alguns sobrevoos foram simultâneos, em locais a centenas de quilômetros de distância, apoiando assim a hipótese de operações conjuntas, sem que nunca os pilotos tenham sido encontrados.
Um dos mais sensíveis voos ocorreu na madrugada de 29 de janeiro: pequenos drones foram detectados no extremo sudoeste do país, perto do porto de Brest, onde estão os quatro submarinos nucleares franceses, um dos locais mais protegidos da França.
Há pouco mais de um mês, em 20 de janeiro, o Palácio do Eliseu também foi sobrevoado por um desses dispositivos.
"Diante deste fenômeno novo, as forças de ordem tateiam no escuro", declarou recentemente à AFP o criminologista e especialista em segurança da aviação Christophe Naudin.