Mundo

Neurologista Oliver Sacks, de "Tempo de Despertar", tem câncer terminal

O cientista de 81 anos revelou sua condição em um emotivo e equilibrado artigo publicado na seção de opinião do jornal The New York Times."Há um mês pensava que estava bem de saúde, inclusive muito bem", escreveu.

Agência France-Presse
postado em 19/02/2015 15:51
Nova York - O neurologista britânico Oliver Sacks, autor de livros de sucesso "Tempo de Despertar" e "O homem que confundiu sua mulher com um chapéu", informou nesta quinta-feira que foi diagnosticado com um câncer terminal.

Sacks escreveu em 1973 seu livro "Tempo de Despertar", um relato autobiográfico onde conta sua experiência com pacientes que sofrem de uma condição chamada encefalite letárgica e como saíram, pelo menos brevemente, de seus estados catatônicos com a ajuda de um remédio.



A história foi adaptada em um filme homônimo em 1990, protagonizado por Robert Williams e Robert DeNiro e que teve três indicações ao Óscar.

O cientista de 81 anos revelou sua condição em um emotivo e equilibrado artigo publicado na seção de opinião do jornal The New York Times."Há um mês pensava que estava bem de saúde, inclusive muito bem", escreveu. "Mas a minha sorte acabou. Umas semanas atrás soube que tenho várias metástases no fígado".

No texto, contou que havia sido diagnosticado e tratado há nove anos por um raro melanoma que o deixou cego de um dos olhos, mas que recentemente tornou-se parte do "desafortunado 2%" dos pacientes nos quais esse tipo particular de câncer se expande.

"Sinto-me grato por ter tido nove anos de boa saúde e produtividade desde o diagnóstico original, mas agora estou de cara com a morte", escreveu.

"Agora depende de mim escolher como quero viver os meses que me restam. Tenho que viver da maneira mais rica, profunda e produtiva que puder".

Este ano, o New York Times descreveu Sacks como "o aclamado poeta da medicina moderna". Seus livros foram traduzidos para 25 idiomas.Em "O homem que confundiu sua mulher com um chapéu", Sacks contou histórias de casos de várias condições neurológicas raras. Em outros livros explorou a surdez, o daltonismo e as alucinações.

"Escrevi, viajei, pensei e escrevi. Eu me vinculei com o especial mundo dos leitores e dos escritores", escreveu em seu ensaio.

Também disse que havia publicado cinco livros desde que completou 65 anos e que terminou uma autobiografia que será publicada nesta primavera.

"Tenho outros livros quase terminados", adiantou no texto disponível no site do NYT.

Também disse que, durante o tempo que ficar na Terra, não verá notícias nem prestará mais atenção nas polêmicas politícas ou no calendário climático.

"Isto não é indiferença, mas desapego. O Oriente Médio continua importando muito para mim, o aquecimento, a crescente desigualdades, mas estes já não são mais meus problemas. Pertencem ao futuro".

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação