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Descoberta rede de ciberespiões que atacou mais de 30 países

Batizado de Equation pela empresa, a rede "infectou, desde 2001, computadores de milhares de vítimas", segundo um relatório

A empresa especializada em softwares de segurança Kaspersky Lab anunciou nesta terça-feira que detectou uma temível rede de ciberespiões, autores de ataques complexos, que infectaram computadores de governos e empresas estratégicas de mais de 30 países. Batizado de Equation pela empresa, a rede "infectou, desde 2001, computadores de milhares de vítimas", segundo um relatório.

[SAIBAMAIS]Os países mais afetados foram Irã, Rússia, Paquistão, Afeganistão, Índia, China, Síria e Mali. O modo operacional estava configurado para não entrar em países como Jordânia, Turquia e Egito. Segundo a Kaspersky, a rede "supera todo o conhecido em termos de complexidade e sofisticação técnica, e é única em quase todos os aspectos".

"Usa instrumentos muito complexos e caros para infectar as vítimas, acessar seus dados e mascarar sua atividade com um profissionalismo notável", assinala a empresa. Os alvos compreendem órgãos diplomáticos, exércitos, meios de comunicação ou organizações islâmicas, e setores como os de telecomunicações, hidrocarbonetos, energia nuclear, nanotecnologia e finanças.

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No que se refere aos autores dos ataques, o laboratório russo fala em "laços sólidos" com o famoso vírus Stuxnet, que esteve por trás de ataques ao programa nuclear iraniano e era usado, segundo Teerã, por Estados Unidos e Israel. Assim, o vírus Fanny, um dos usados pelo grupo, deixa pistas de que os que desenvolveram o Equation e o Stuxnet são os mesmos, ou cooperaram estreitamente.

O advogado russo do ex-consultor da inteligência americana Edward Snowden, Anatoli Kucherena, vê no relatório a confirmação das advertências de seu cliente, refugiado na Rússia após revelar a dimensão do sistema de vigilância do governo americano. "Isso não para por aqui. Em breve, veremos o controle total exercido sobre os cidadãos e políticos reforçado graças às novas tecnologias imaginadas pelo serviço secreto americano", declarou à agência russa Ria-Novosti.