O Senado argentino aprovou, nesta quinta-feira, um projeto de lei que contempla a dissolução da questionada Secretaria de Inteligência (SI) para criar um novo organismo federal, impulsionado pelo governo, depois da morte misteriosa do promotor Alberto Nisman.
O projeto foi aprovado por 38 votos a favor e sete contra em uma sessão curta, devido à ausência quase total de blocos da oposição.
Na sexta-feira, começará a ser debatido pela Câmara dos Deputados para ser transformado em lei.
Os blocos opositores não marcaram presença no debate, nem na votação porque consideram que o governo tenta com este projeto desviar o eixo da discussão sobre a morte do promotor Nisman, em 18 de janeiro passado.
Nisman investigava há uma década o atentado contra a mutual judaica AMIA, em 1994, que deixou 85 mortos em Buenos Aires e foi encontrado sem vida em 19 de janeiro em seu apartamento, quatro dias depois de denunciar a presidente Cristina Kirchner e o chanceler Héctor Timerman de acobertar autoridades iranianas suspeitas de envolvimento no ataque.
Governo e aliados têm maioria também na Câmara baixa para aprovar o projeto, que cria a Agência Federal de Inteligência (AFI), sem o poder que a SI tinha para realizar escutas telefônicas, nem tampouco sua influência sobre os casos de perfis políticos que circulam nos tribunais.
Kirchner propôs mudanças no sistema de inteligência porque suspeitava que por trás da morte de Nisman podem estar ex-agentes da SI que tinham sido demitidos no fim do ano passado.
Quase um mês depois da morte do promotor, que comoveu a Argentina, o caso é investigado como "morte duvidosa". A promotora encarregada do caso, Viviana Fein, não descarta que tenha sido um suicídio, um suicídio induzido ou um assassinato.