Agência France-Presse
postado em 12/02/2015 19:18
A abertura da sessão parlamentar na África do Sul acabou em uma grande confusão nesta quinta-feira à noite, depois que a oposição de esquerda interrompeu por uma hora o pronunciamento do presidente Jacob Zuma, do partido Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês).Os 25 deputados ligados ao líder populista radical Julius Malema já haviam alertado que não deixariam o presidente dar seu tradicional discurso sobre o Estado da União, enquanto ele se negasse a responder às perguntas sobre o escândalo da reforma milionária de sua residência privada, às custas do contribuinte.
Os Combatentes da Liberdade Econômica (EFF, na sigla em inglês) tomaram, então, a palavra, pedindo a Zuma que se explicasse. O presidente sul-africano permaneceu em silêncio, e a presidente da Assembleia Nacional, Baleka Mbete, não conseguiu que a bancada opositora se acalmasse.
Nesse momento, Mbete pediu às forças de segurança que retirassem os desordeiros. Depois da pancadaria, os membros do EFF foram conduzidos para fora do plenário.
O EFF de Malema é um partido de esquerda radical que defende a nacionalização das minas e a expropriação sem indenizações dos latifúndios "brancos". Foi fundado por Malema, após sua expulsão do ANC, o partido da situação, em 2013. Nas eleições legislativas de 2014, obteve por volta de 6% dos votos.
A intervenção provocou a fúria dos deputados da liberal Aliança Democrática, primeiro partido de oposição ao ANC. Os opositores permaneceram na Câmara e denunciaram a intervenção da polícia dentro da Casa. Segundo seus representantes, a ação policial foi uma violação da Constituição. Finalmente, deixaram o Parlamento, em sinal de protesto.
O presidente Zuma começou seu discurso com uma hora de atraso e teve como audiência apenas os deputados de seu partido, o ANC. Os incidentes foram transmitidos pelas emissoras locais de televisão.
Escândalo que já provocou outros tumultos no Congresso, o chamado "Nkandlagate" é sobre a reforma da residência particular do presidente, localizada em Nkandla, no leste rural do país. A obra teria custado 19 milhões de euros aos cofres públicos, justificada como "trabalhos de segurança".