Jornal Correio Braziliense

Mundo

Sessão parlamentar termina em caos e pancadaria na África do Sul

Depois da confusão, os membros do EFF foram conduzidos para fora do plenário.

A abertura da sessão parlamentar na África do Sul acabou em uma grande confusão nesta quinta-feira à noite, depois que a oposição de esquerda interrompeu por uma hora o pronunciamento do presidente Jacob Zuma, do partido Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês).

Os 25 deputados ligados ao líder populista radical Julius Malema já haviam alertado que não deixariam o presidente dar seu tradicional discurso sobre o Estado da União, enquanto ele se negasse a responder às perguntas sobre o escândalo da reforma milionária de sua residência privada, às custas do contribuinte.

Os Combatentes da Liberdade Econômica (EFF, na sigla em inglês) tomaram, então, a palavra, pedindo a Zuma que se explicasse. O presidente sul-africano permaneceu em silêncio, e a presidente da Assembleia Nacional, Baleka Mbete, não conseguiu que a bancada opositora se acalmasse.

Nesse momento, Mbete pediu às forças de segurança que retirassem os desordeiros. Depois da pancadaria, os membros do EFF foram conduzidos para fora do plenário.



O EFF de Malema é um partido de esquerda radical que defende a nacionalização das minas e a expropriação sem indenizações dos latifúndios "brancos". Foi fundado por Malema, após sua expulsão do ANC, o partido da situação, em 2013. Nas eleições legislativas de 2014, obteve por volta de 6% dos votos.

A intervenção provocou a fúria dos deputados da liberal Aliança Democrática, primeiro partido de oposição ao ANC. Os opositores permaneceram na Câmara e denunciaram a intervenção da polícia dentro da Casa. Segundo seus representantes, a ação policial foi uma violação da Constituição. Finalmente, deixaram o Parlamento, em sinal de protesto.

O presidente Zuma começou seu discurso com uma hora de atraso e teve como audiência apenas os deputados de seu partido, o ANC. Os incidentes foram transmitidos pelas emissoras locais de televisão.

Escândalo que já provocou outros tumultos no Congresso, o chamado "Nkandlagate" é sobre a reforma da residência particular do presidente, localizada em Nkandla, no leste rural do país. A obra teria custado 19 milhões de euros aos cofres públicos, justificada como "trabalhos de segurança".