A guerrilha das Farc elevou nesta quinta-feira a idade de recrutamento de novos membros de 15 para 17 anos e acusou o governo colombiano de usar de forma sistemática menores no conflito armado de mais de meio século no país.
"As Farc decidem não incorporar, daqui para frente, menores de 17 anos nas fileiras guerrilheiras, ao mesmo tempo que expressam o anseio de poder alcançar logo um acordo de paz com justiça social", afirmou o chefe negociador da guerrilha, Iván Márquez, no encerramento do trigésimo segundo ciclo de negociações de paz com o governo colombiano.
O anúncio das Farc coincide com a celebração do Dia Internacional contra o Recrutamento Forçado de Crianças Soldados."O Estado e suas forças militares têm levado adiante uma política de utilização de menores no conflito de maneira sistemática", denunciou Márquez, ao final das negociações.
Leia mais notícias em Mundo
Por sua vez, o chefe da delegação do governo, Humberto de la Calle, preferiu não responder às acusações de Márquez, mas declarou que a decisão da guerrilha de elevar a idade era um passo na direção correta, embora a idade devesse ser 18 anos.
"Saudamos esta decisão das Farc. É um passo na direção correta, mas insuficiente. Seguimos insistindo na necessidade de aplicar os critérios e normas internacionais vigentes atualmente de maneira quase universal, que fixa em 18 anos (...) a maioridade", afirmou De la Calle à imprensa.
Na Colômbia, os principais recrutadores de crianças são gangues de criminosos, de acordo com a Defensoria Pública. As quadrilhas, principalmente aquelas envolvidas com o tráfico de drogas, aparecem "pelo segundo ano consecutivo" como os maiores responsáveis pelo recrutamento de crianças na Colômbia, de acordo com um relatório do órgão do governo que monitora os direitos humanos.
Por sua vez, o Instituto Colombiano de Bem-estar Familiar informou que desde 1999 atendeu 5.708 crianças e adolescentes que foram vítimas de recrutamento. A Colômbia vive um conflito armado interno de mais de meio século, no qual participaram, guerrilhas de esquerda, paramilitares de direita, as forças militares e quadrilhas de traficantes, que deixou mais de 220.000 mortos e 5,5 milhões de deslocados, segundo dados oficiais.