Entenda os principais pontos do acordo assinado nesta quinta-feira em Minsk entre Kiev e os rebeldes pró-russos do leste do país, após negociações com os presidentes ucraniano, Petro Poroshenko; russo, Vladimir Putin; francês, François Hollande, e a chanceler Angela Merkel.
Este documento em 13 pontos repete em grande parte os pontos do acordo já assinado em Minsk em setembro, mas que não conduziu a uma paz duradoura. O acordo foi elaborado durante a noite em Minsk.
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O novo texto expande a zona tampão, de onde as armas pesadas deverão ser retiradas, e insiste no controle das fronteiras pelas forças ucranianas e sobre a realização de reformas constitucionais no país.
Cessar-fogo
As partes em conflito se comprometem a um cessar-fogo bilateral a partir de 15 de fevereiro à 00H00 nas regiões de Donetsk e Lugansk. Em setembro, outros acordos assinado em Minsk previam igualmente um cessar-fogo, mas que nunca foi respeitado.
Um novo cessar-fogo, instaurado em 9 de dezembro, foi no geral respeitado até a retomada da violência em janeiro, com centenas de mortos desde então.
Retirada das armas
O documento também prevê a retirada "de todas as armas pesadas por ambas as partes" para estabelecer uma zona tampão de uma largura de 50 km a 140 km, dependendo do tipo de armas pesadas.
Os acordos anteriores previam uma zona de 30 km de largura. O novo documento afirma que a zona tampão começa para os ucranianos a partir da linha de frente atual.
Mas para os separatistas, que ganharam terreno desde setembro, deve coincidir com a linha estabelecida nos acordos de Minsk, de 19 de setembro.
A retirada das armas pesadas deve acontecer menos de dois dias após a entrada em vigor do cessar-fogo e terminar após 14 dias.
Além disso, o texto prevê "a retirada de todos os grupos armados estrangeiros, equipamentos militares e mercenários do território da Ucrânia, sob a observação da OSCE."
Libertação dos reféns
Uma libertação de todos "os prisioneiros e reféns" detidos desde o início do conflito em abril também consta no documento. Esta condição já havia sido imposta nos precedentes acordos, mas foi respeitada apenas em parte. A última troca de centenas de prisioneiros aconteceu no final de dezembro.
Diálogo político
Tal como nos acordos anteriores, o novo documento prevê um diálogo para a realização de eleições locais em conformidade com a legislação craniana e para definir o futuro "regime" das regiões de Donetsk e Lugansk.
Uma anistia também deve ser adotada para os combatentes envolvidos no conflito.
Kiev já havia adotado em setembro uma lei sobre o "estatuto especial" dos territórios controladas pelos rebeldes, dando-lhes maior autonomia, garantindo o uso livre da língua russa e prevendo a organização de eleições locais em 7 de dezembro.
Outra lei previa a anistia de alguns dos combatentes rebeldes. Os rebeldes, no entanto, rejeitaram a oferta e organizaram suas próprias eleições presidenciais e legislativas em novembro, uma ação condenada por Kiev e pelo Ocidente.
A Ucrânia finalmente anunciou o cancelamento das duas leis e cortou o financiamento orçamentários aos territórios controlados pelos rebeldes. Os insurgentes denunciaram um "bloqueio econômico" por Kiev.
Retirada do bloqueio econômico
O documento afirma que ambas as partes devem definir as "modalidades" para restaurar os laços econômicos e sociais, incluindo o pagamento das pensões nas áreas controladas pelas forças ucranianos e rebeldes. A Ucrânia precisa restabelecer seu sistema bancário nas regiões de conflito.
Controle das fronteiras
O controle das fronteiras deve voltar totalmente às forças de Kiev em "toda a zona de conflito" após as eleições locais.
Reformas Constitucionais
O texto propõe a realização de reformas constitucionais, incluindo o estabelecimento de uma nova constituição até o final de 2015, prevendo uma "descentralização" das regiões de Donetsk e Lugansk, em acordo com os representantes dessas áreas.