Paris - A liberdade de imprensa registrou uma "regressão brutal" em 2014,
principalmente pela ação de grupos islamitas radicais como o Estado Islâmico ou o Boko Haram,
destaca a classificação anual da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) divulgada nesta
quinta-feira (12/02).
"Ocorreu uma deterioração global, relacionada com fatores muito
diferentes, com a existência de guerras de informação e com a ação de grupos não estatais que se
comportam como déspotas da informação", disse à AFP Christophe Deloire, secretário-geral da
RSF.
"2014 foi o ano de uma regressão brutal para a liberdade de informação. Dois terços
dos 180 países (no ranking da RSF) têm resultados piores que na edição anterior", explica a RSF, que
também registra os ataques à liberdade de imprensa.
A Síria, o país considerado pela ONG
como o mais perigoso do mundo para os jornalistas, permanece na posição 177 de um total de 180,
atrás da China (176), mas à frente de Turcomenistão (178), Coreia do Norte (179) e Eritreia (180).
Os quatro últimos países da lista são os mesmos do ano passado.
O Brasil ocupa a nada
honrosa 99; posição e é um dos países citados pela RSF pela "intensificação da violência contra os
repórteres e os web-cidadãos que cobrem as manifestações.
Outros países em situação
similar são Venezuela (137), Ucrânia (129) e Hong Kong (70). Entre os países latino-americanos, o
relatório destaca que o México (148) teve um ano extremamente violento. O documento da RSF também
cita os riscos para a profissão na Colômbia (128).
A classificação é baseada em sete
indicadores: o nível dos abusos contra a liberdade de imprensa, o pluralismo, a independência dos
meios de comunicação, o ambiente e a autocensura, o marco legal, a transparência e as
infraestruturas.
Conflitos de interesses na Europa
"Do Boko Haram
ao grupo Estado Islâmico, passando pelos narcotraficantes latinos ou a máfia siciliana, as
motivações mudam mas o ;modus operandi; é o mesmo: reduzir ao silêncio através do medo ou das
represálias", destaca a ONG.
Pelo quinto ano consecutivo a Finlândia ocupa o primeiro
lugar no ranking, seguida por Noruega e Dinamarca.
O Iraque está na posição 156 e a
Nigéria no 111; lugar. No caso do Iraque e da Síria, presença do grupo Estado Islâmico "provocou a
fuga dos jornalistas". Na África, apesar do avanço da Costa do Marfim (86;, %2b15 lugares), muitos
países permanecem entre os piores da lista. O Congo perdeu 25 posições (107) e a Líbia 17
(154).
Na Europa, alguns pequenos países caíram na classificação: Luxemburgo passou do 4;
ao 19; lugar, Liechtenstein do 6; ao 27; e Andorra do 5; para o 32;, a queda mais
expressiva.
"Todas são situações comparáveis, com uma proximidade entre o poder político,
econômico e midiático que gera conflitos de interesses muito frequentes e que são cada vez mais
importantes", explica a ONG.
A Bulgária (106;, -6 posições) permanece como o país de
pior ranking dentro da União Europeia. A Grécia ganhou oito posições, mas aparece como o número 91,
atrás do Kuwait.
A França subiu uma posição e está em 38; lugar. A classificação não leva
em consideração o atentado de 7 de janeiro contra a revista satírica Charlie Hebdo, indica a RSF. Os
Estados Unidos aparecem na posição de número 49 e o Reino Unido no 34; lugar.