Jornal Correio Braziliense

Mundo

Acordo entre Moscou e Cairo é firmado para construir central nuclear

Primeira iniciativa da construção data de 1980, mas foi adiada pela catástrofe de Chernobyl, em 1986

O presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sissi, e seu colega russo, Vladimir Putin, assinaram nesta terça-feira (10/02) um acordo para construir a primeira central nuclear no Egito, durante o primeiro dia de viagem oficial de Putin ao Cairo. Trata-se da primeira visita de Estado de Putin ao Egito em uma década, e com ela Moscou pretende reforçar a influência da Rússia no país árabe.

O presidente russo, apoio de Sissi desde que ele se tornou presidente, foi recebido com grande pompa pelo ex-chefe do Exército egípcio, que chegou ao poder pouco depois de destituir o islamita Mohamed Mursi. Os dois países "assinaram um protocolo de entendimento para a construção de uma central nuclear para a produção de eletricidade na região de Dabaa", no norte do Egito, declarou Sissi em uma coletiva de imprensa.

Leia mais notícias em Mundo

No início dos anos 1980, sob o regime do presidente Hosni Mubarak, o Egito havia cogitado a construção de uma central elétrica nuclear em Dabaa, mas o projeto não foi levado adiante após a catástrofe de Chernobyl, em 1986. "Acordamos continuar com a cooperação militar entre os dois países, sobretudo diante das circunstâncias atuais", disse Sissi, cujo país está sendo atingido por muitos ataques jihadistas, dirigidos principalmente contra as forças de segurança.

Egito e Rússia também acordaram o reforço de sua cooperação nos campos de energia, investimento e turismo, segundo os dois líderes. Desde a chegada ao poder de Sissi, após eleições nas quais toda a oposição política desapareceu, a Rússia se tornou o principal país fora do mundo árabe a apoiar o novo poder.

Quando ainda era ministro da Defesa, em fevereiro de 2014, Sissi visitou Moscou. Na época, já discutiram a entrega de armamento russo ao Egito. Significativamente, Putin presenteou seu colega egípcio com uma Kalashnikov, segundo uma fotografia divulgada pela presidência egípcia.

Em setembro, os meios de comunicação russos afirmaram que esta entrega poderia incluir sistemas de defesa antiaérea, helicópteros e aviões de combate no valor de 3,5 bilhões de dólares financiados pela Arábia Saudita, mas deste então não foram divulgadas outras informações a respeito.