Dezenove pessoas morreram nos confrontos de domingo no Cairo entre a polícia e torcedores de futebol, antes da primeira partida do campeonato egípcio disputada com público desde 2012, segundo o balanço oficial revisado.
"Dezenove pessoas morreram, 22 policiais ficaram feridos e 18 agitadores foram detidos", anunciou um porta-voz do ministério do Interior. O balanço anterior citava 22 mortes.
"Os 19 falecimentos foram provocados por uma correria. Nenhuma vítima fatal tinha ferimentos de bala", afirmou à AFP Khaled al-Jatib, diretor dos serviços de emergência do Cairo. "Muitas vítimas tinham o pescoço quebrado", completou.
Os distúrbios começaram na entrada de um estádio na zona nordeste da capital egípcia quando os torcedores do clube Zamalek tentaram invadir o local.
A partida do Zamalek contra o Enbi era disputada com a presença do público e não com portões fechados, como acontece com a maioria dos jogos no Egito desde os violentos distúrbios ocorridos em um estádio de Port Said em 2012.
Para a partida de domingo, o número de torcedores autorizados no estádio era limitado a 10.000, mas a multidão do lado de fora superou rapidamente este número e tentou derrubar os portões do estádio e escalar os muros, segundo o ministério do Interior.
Os torcedores, integrantes do grupo ;Ultra White Knight;, enfrentaram a polícia, que usou gás lacrimogêneo.
De acordo com oficiais, os torcedores responderam com material pirotécnico. O governo respondeu rapidamente e decidiu suspender o campeonato da primeira divisão por tempo indeterminado.
A Federação Egípcia de Futebol restabeleceu a proibição da presença do público nos jogos. A medida havia sido suspensa parcialmente em dezembro.
Apesar da gravidade da situação, a partida foi disputada, o que agravou a revolta dos torcedores. O jogador Omar Gaber, zagueiro do Zamalek, foi suspenso pelo clube por se recusar a entrar em campo.
A justiça determinou a abertura de uma investigação. Depois do anúncio, os torcedores bloquearam uma estrada de acesso ao estádio e incendiaram três viaturas policiais.
Em dezembro, as autoridades egípcias decidiram autorizar o retorno de um número limitado de espectadores a alguns jogos do campeonato da primeira divisão, que recomeçou no domingo.
Em fevereiro de 2012, após uma partida em Port Said em que o clube local Al Masry derrotou o Al Ahly do Cairo, torcedores do Al Masry atacaram simpatizantes do rival e os confrontos terminaram com 74 mortos e centenas de feridos.