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Justiça chilena condena ex-agentes de Pinochet por sequestro de opositores

Entre os condenados a 13 anos de prisão, a pena mais grave determinada pelo juiz, neste processo, está o antigo líder da Dina, Manuel Contreras, e duas altas patentes do Exército

A Justiça chilena condenou a prisão 78 ex-agentes da polícia secreta do ditador Augusto Pinochet pelo sequestro de Miguel Acuña, do Movimento de Esquerda Revolucionária, uma das vítimas da Operação Colombo. O anúncio foi feito ontem (2).

As penas de prisão determinadas pelo juiz do tribunal de Santiago variam entre os quatro e 13 anos de prisão para os 78 ex-agentes da antiga Direção de Inteligência Nacional (Dina), de acordo com fontes judiciais.

Entre os condenados a 13 anos de prisão, a pena mais grave determinada pelo juiz, neste processo, está o antigo líder da Dina, Manuel Contreras, e duas altas patentes do Exército, o brigadeiro Miguel Krassnoff e o coronel Marcelo Moren Brito.

Contreras acumula penas de 467 anos de prisão, depois de ter sido condenado em dezenas de julgamentos por violações dos direitos humanos. No dia 8 de janeiro, o militar já havia sido condenado em outro processo, mas também no âmbito da Operação Colombo, a 13 anos de prisão pela morte e desaparecimento de Bernardo de Castro, militante do Partido Socialista do Chile.

Krasnoff e Moren Brito jacumulam penas de cerca de 300 anos de prisão. Os outros condenados no processo relativo ao sequestro de Miguel Acuña que constavam nas listas de vítimas do Chile e da Argentina tiveram sentenças de quatro e dez anos de prisão.

A sentença diz que Miguel Acuña foi detido pelos agentes da polícia secreta de Pinochet quando era militante do Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR).

Os sequestradores colocaram o militante do MIR numa camionete e o transportaram para um local clandestino de detenção, tortura e desaparecimento, denominado Londres 38.

;Durante a permanência de Miguel Acuña no Londres 38, [ele] esteve sem contato com o exterior, vendado e amarrado, sendo continuamente submetido a interrogatórios sob tortura por agentes da Dina que operavam no quartel com o propósito de obter informação sobre os militantes do MIR e permitir a detenção;, lê-se na sentença.

Em julho de 1975, foi divulgada uma lista de 119 chilenos mortos no exterior, em supostos confrontos com forças de segurança. Essa lista, a Operação Colombo, foi um estratagema utilizado pela ditadura de Pinochet para encobrir o desaparecimento dos 119 chilenos, opositores do regime que foram, depois, com a conivência das ditaduras militares da Argentina e do Chile, mostrados em meios de comunicação fictícios desses países como tendo sido mortos em lutas internas do MIR.

A Operação Colombo é considerada o primeiro episódio da Operação Condor, uma coordenação entre as ditaduras militares dos países do Cone Sul para eliminar opositores.



;As publicações que deram como morto Miguel Acuña tiveram origem em manobras de desinformação por parte de agentes da Dina no exterior;, explica a sentença.

Durante a ditadura de Pinochet (1973-1990), de acordo com números oficiais, cerca de 3.200 pessoas morreram nas mãos dos agentes do Estado, das quais 1.192 figuram como desaparecidas. Mais de 33 mil foram sequestrados, torturados e encarcerados por motivos políticos.