Karachi, Paquistão - Um atentado contra uma mesquita xiita deixou pelo menos 61 mortos e dezenas de feridos durante a oração de sexta-feira (30/1) no sul do Paquistão. O ataque foi cometido em Shikarpur, a 500 km de Karachi, na província de Sind. "No total, 61 pessoas morreram no ataque de Shikarpur e 46 ficaram feridas, algumas em estado grave", declarou à AFP o ministro provincial da Saúde, Jam Mehtab Dahr.
Fontes médicas confirmaram o balanço, mas afirmaram que os números podem aumentar. Pouco depois da explosão, centenas de pessoas correram para o local para tentar ajudar as vítimas que estavam presas nos escombros. "O telhado da mesquita desabou na explosão", disse à AFP uma testemunha, Zahid Noor.
[SAIBAMAIS]"O chão estava repleto de sangue e pedaços de corpos. Havia um forte cheiro de corpos queimados, as pessoas gritavam. O caos", relatou. "Quase 400 pessoas estavam na imambargah (mesquita) no momento da explosão. Os líderes xiitas locais estão aterrorizados", disse à AFP Rahat Kazmi, membro do Majlis-Wahadatul-Muslimeen (MWM), um dos principais partidos xiitas do país.
Violência religiosa
Nos últimos anos aumentaram os ataques no Paquistão contra os membros da minoria muçulmana xiita, que representa quase 20% da população do país sunita, que tem quase 200 milhões de habitantes. O ataque de Shikarpur é o mais violento contra as minorias no último ano no país, que sofre com atentados praticamente diários.
A explosão coincide com uma visita do primeiro-ministro Nawaz Sharif a Karachi para uma avaliação da situação de segurança na província de Sind. Um relatório do Instituto dos Estados Unidos para a Paz (USIP) alertou esta semana para o aumento de grupos extremistas nas zonas rurais de Sind, que até agora eram relativamente tranquilas. "O Paquistão trava uma guerra decisiva contra o terrorismo. E estamos conseguindo resultados bons, satisfatórios", declarou nesta sexta-feira o primeiro-ministro Sharif.
Segundo o Instituto Paquistanês de Estudos sobre a Paz (PIPS), um centro de pesquisa independente, os "ataques terroristas" registraram queda de 30% no Paquistão em 2014. O atentado desta sexta-feira é o mais violento desde um ataque dos talibãs paquistaneses em 16 de dezembro, que matou 150 pessoas, incluindo 132 estudantes, em um colégio de Peshawar (noroeste), perto da fronteira com o Afeganistão.