As negociações entre opositores sírios e representantes do presidente Bashar al-Assad terminaram nesta quinta-feira na capital russa sem resultados concretos, além de um acordo para novas discussões e uma texto muito geral chamado de "princípios de Moscou".
Os 32 membros dos diferentes grupos da oposição tolerada por Damasco e seis integrantes da delegação oficial liderada pelo embaixador da Síria na ONU iniciaram as primeiras negociações entre membros da oposição - sobretudo representantes do Comitê de Coordenação Nacional para as Forças da Mudança Democrática (CCND) e dos curdos - e autoridades do regime desde o fracasso das negociações de Genebra, em fevereiro de 2014.
A guerra na Síria deixou 200.000 mortos desde seu início, há quase quatro anos. "Chegamos a um acordo com nossos amigos russos que as discussões devem continuar para alcançarmos (novas) consultas futuramente", declarou o chefe da delegação do regime, o embaixador sírio na ONU, Bashar Jaafari, durante uma curta coletiva de imprensa.
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Considerando como "positivos" os encontros com os membros da oposição, Jaafari reconheceu "não ter havido resultados porque trata-se de uma primeira reunião". O diplomata sírio criticou, no entanto, a atitude dos opositores. "Não ouvimos uma só posição unificada das delegações de oposição. O que alguns podiam aceitar outros rejeitavam", afirmou.
Segundo Soheir Sarmini, membro do partido Juventude Nacional Síria, um movimento tolerado por Damasco, "o objetivo do encontro de Moscou era quebrar o gelo entre o governo e a oposição". Os participantes concordaram, em princípio, com uma série de dez pontos muito gerais estabelecidos pelo moderador das discussões, o especialista russo Vitaly Naumkin. "O nosso grupo vai permanecer em contato com aqueles que estavam em Moscou, e com outros potenciais participantes.
O especialista, que foi o moderador durante quatro dias, apresentou aos participantes um texto em dez pontos com princípios muito gerais, com os quais o regime e a oposição concordaram.
Esses "princípios de Moscou" estipulam, em especial, "o respeito à soberania da Síria, sua unidade e integridade territorial", "a luta contra o terrorismo internacional", "a resolução da crise síria através de meios políticos e pacíficos, em conformidade com os princípios do comunicado de Genebra de 30 de junho de 2012", e à rejeição de qualquer interferência externa e o levantamento das sanções contra a Síria.