Amã, Jordânia - A combatente iraquiana Sajida al-Rishawi, cuja libertação é exigida pelo grupo Estado Islâmico em troca de um refém japonês e da vida de um piloto jordaniano, é um importante símbolo para os jihadistas, garantem especialistas.
O grupo jihadista "quer que os demais atores o vejam como um Estado e esta proposta de troca de prisioneiros com uma nação inimiga, ao invés de um simples pedido de resgate como é comum entre grupos armados, é uma forma de alcançar este objetivo", explica Aymen al-Tamimi, do Fórum sobre o Oriente Médio estabelecido na Filadélfia (Estados Unidos).
Rishawi, de 44 anos, foi detida quatro dias após os ataques que deixaram 60 mortos em 2005 na capital da Jordânia, considerado um dos países mais estáveis do Oriente Médio.
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O grupo ameaçou matar o piloto jordaniano Maaz al-Kasasbeh, detido pela organização, caso a Jordânia não liberte e leve Rishawi à fronteira com a Turquia para uma troca de prisioneiros. Neste último caso, a jihadista iraquiana poderia ser trocada pelo refém japonês Kenji Goto, de acordo com o grupo de EI.
Para Mohamed Abu Reman, do centro de estudos estratégicos da Universidade da Jordânia, a libertação de Rishawi, condenada à morte na Jordânia, "seria uma vitória moral para o EI". Rishawi "é importante por seus vínculos com a Al-Qaeda no Iraque", aponta Tamimi.
Hassan Abu Hanieh, especialista em grupos islâmicos, afirma, por sua vez, que Rishawi "aparecia com Zarqawi entre os membros (da Al-Qaeda no Iraque) que fundaram o EI". Hanieh refere-se ao jordaniano Abu Musab al-Zarqawi, líder da Al-Qaeda no Iraque morto em 2006.
Em uma confissão exibida pela televisão, ela explicou que não tinha conseguido ativar seu cinto de explosivos em um dos três hotéis que foram alvos dos terroristas suicidas. A maioria das vítimas era de nacionalidade jordaniana. Muitas haviam sido convidadas para uma festa de casamento.
Uma fonte de segurança jordaniana afirma que Rishawi passa boa parte do dia na prisão lendo o Alcorão e assistindo canais de televisão islâmicos. Rishawi "é muito importante porque pertence a uma importante tribo sunita e porque é de Al-Anbar", a província ocidental do Iraque controlada pelo EI, diz Hanieh.
Além disso, é "a irmã de um ex-emir (da Al-Qaeda) e tenente de Zarqawi, que morreu como um mártir". O EI "quer a liberdade de Rishawi por sua importância moral e simbólica", estima Oraib al-Rentawi, diretor do Centro Al-Qods de Estudos Políticos em Amã. "Seu nome está ligado a Zarqawi", salienta.