A União Europeia ameaçou a Rússia, nesta terça-feira, com novas sanções por seu papel no conflito ucraniano, enquanto Moscou e a Otan protagonizaram uma nova escalada verbal, acentuando as tensões entre russos e ocidentais.
A União Europeia (UE) anunciou que "considera" impor novas sanções à Rússia após a "degradação" da situação na Ucrânia, afirmaram os chefes de Estado e de governo do bloco em um comunicado. A trégua alcançada em dezembro entre Kiev e os rebeldes foi rompida nas últimas semanas.
Os mandatários observam "a evidência de um apoio contínuo e cada vez mais importante aos separatistas por parte da Rússia", e pedem a a Moscou que "condene as ações separatistas e que implemente os acordos de Minsk".
"Dada a piora da situação, pedimos aos ministros das Relações Exteriores [convocados na quinta-feira de forma extraordinária] que a avaliem a situação e que considerem qualquer ação apropriada, em particular um incremento das medidas restritivas", afirmaram.
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No sábado, um ataque com foguetes deixou pelo menos 30 civis mortos no estratégico porto de Mariupol, no leste separatista pró-russo da Ucrânia. Os observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) concluíram que esses foguetes se originaram dos locais controlados pelos separatistas.
Um alto funcionário da ONU acusou os rebeldes de ter mirado propositalmente contra civis. "Mariupol está fora da zona de conflito. A conclusão que tiramos é que os que lançaram os foguetes apontaram deliberadamente para a população civil", declarou o subsecretário-geral da ONU, Jeffrey Feltman.
Esse porto é estratégico, tanto para Kiev como para os rebeldes pró-russos. É a última grande cidade controlada pelo governo ucraniano no leste do país. Nas últimas 24 horas, nove soldados ucranianos morreram e outros 29 foram feridos nos combates contra os rebeldes pró-russos, anunciou nesta terça-feira um porta-voz militar ucraniano.
Processo de paz paralisado
A UE impôs em julho sanções econômicas à Rússia, com a possibilidade de revisar em baixa ou em alta. As medidas restritivas, que atingiram a economia russa, assim como a europeia, consistiram em um bloqueio ao mercado de capitais europeu para los bancos públicos russos, um embargo à compra de armamento e à restrição de exportações à Rússia de tecnologias de uso dual (civil e militar), incluídas as tecnologias no setor energético.
O objetivo era influenciar na política de Moscou em relação à Ucrânia para que favoreça uma solução política à crise com base nos acordos de paz de Minsk. Mas o processo de paz para pôr fim a um conflito que deixou desde abril cerca de 5.000 mortos parece estar em um beco sem saída.
Na segunda-feira, o presidente russo Vladimir Putin acusou a Otan de utilizar o exército ucraniano como "uma legião estrangeira" para "conter" a Rússia.
O secretário-geral da Otan, Jen Stoltenberg, considerou estas declarações "sem sentido" e afirmou que as únicas forças estrangeiras na Ucrânia são as russas.
Para aplacar as tensões, o presidente francês François Hollande, "muito inquieto", se encontrou na segunda-feira à noite com o presidente Putin e a chanceler alemã, Angela Merkel, informou a presidência francesa. Hollande insistiu sobre "a necessidade urgente de pôr fim às agressões e a esta situação dramática".