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Hollande pede às empresas que atuem contra terrorismo e mudanças climáticas

O presidente também solicitou que as empresas digitais em particular identifiquem conteúdos ilegais, tornando-os inacessíveis

Davos, Suíça - Certo de que a economia é um "fator de segurança", o presidente francês, François Hollande, pediu nesta sexta-feira no Fórum de Davos, na Suíça, uma grande mobilização de governos e empresas contra o terrorismo e a mudança climática.

O pedido acontece duas semanas depois dos ataques jihadistas em Paris, que deixaram 17 mortos. "Quando um país é atingido, a resposta deve ser global. Deve ser internacional e compartilhada, entre os Estados e as empresas e, em particular, as maiores, que também devem intervir", afirmou.

O presidente também solicitou que as empresas digitais em particular identifiquem conteúdos ilegais, tornando-os inacessíveis, e estabeleçam uma espécie de norma, já que também são parte da regulação. Ele pediu ainda uma cooperação dos serviços de inteligência e um investimento em cyber segurança.

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Ao sistema financeiro internacional, bem representado em Davos por dezenas de dirigentes de bancos, Hollande pediu que "cortem as fontes de financiamento do terrorismo e que lutem contra a lavagem de dinheiro", que beneficia os extremistas. "Não deixem de agir hoje contra uma fera que os atacará no momento certo", alertou.

Em nome de um conceito amplo de segurança, Hollande convocou os empresários a fazerem um esforço especial na luta contra a mudança climática, a onze meses da cúpula mundial sobre o clima, que acontecerá em Paris.

O mandatário lembrou que o objetivo dessa cúpula, um ano após a celebrada em Lima, é um acordo global vinculante "que permita da início a uma verdadeira luta contra a mudança climática", e convidou os empresários a "investir capitais massivamente na economia verde". "Devemos criar um novo mercado, um mercado de produtos financeiros, um mercado de obrigações verdes em escala mundial", completou.

Hollande lembrou que no mundo há mais refugiados climáticos (estimados em 20 milhões) do que refugiados de conflitos, uma situação preocupante que pode causar "outras consequências". O francês lembrou que o fundo verde da ONU só arrecadou 10 bilhões de dólares até agora, enquanto o objetivo é de somar 100 bilhões de dólares.

Além disso, acrescentou que, na sua opinião, os preços baixos do barril de petróleo, inferiores a 50 dólares, "cria uma oportunidade para que se invista na transição energética.

"Vocês também devem servir à segurança, à estabilidade, e isso é uma responsabilidade comum", insistiu o francês se dirigindo ao mundo empresarial no Fórum de Davos, que reúne de quarta-feira a sábado mais de 2.500 participantes, entre empresários, chefes de Estado e de governo e organismos internacionais.

Duas semanas depois dos atentados jihadistas na França, Hollande parabenizou os dirigentes que compareceram à grande marcha do dia 11 de janeiro em Paris. Alguns deles estavam, inclusive, presente na reunião em Davos. "Me disseram que só na França poderia ter sido organizada uma manifestação com chefes de Estado nas ruas, e onde as pessoas os aplaudem", comentou Hollande.