Yaoundé, Camarões - O Camarões anunciou, nesta quarta-feira, a libertação de um refém alemão sequestrado em julho de 2014 pelo grupo islamita nigeriano Boko Haram, cujo líder, Abubakar Shekau, desafiou abertamente os países vizinhos da Nigéria.
O presidente camaronês, Paul Biya, anunciou "que uma operação especial das forças armadas camaronesas e dos serviços dos países amigos resultou, na madrugada desta sexta-feira, na libertação de Nitsch Eberhard Robert, cidadão alemão sequestrado em julho de 2014 na Nigéria pelo grupo Boko Haram", indicou a presidência nesta quarta-feira.
Em Berlim, o porta-voz do ministério alemão das Relações Exteriores, Martin Schaefer, confirmou em uma coletiva de imprensa a libertação do refém alemão na Nigéria, informando que ele se encontra em Yaundé.
O comunicado da presidência camaronesa não fornece detalhes sobre a operação que permitiu este resgate, mas o presidente "reiterou suas felicitações às forças armadas a aos serviços de segurança por sua determinação, coragem e eficácia na luta contra a seita terrorista Boko Haram".
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O anúncio da libertação acontece no dia seguinte à divulgação de um vídeo do líder do Boko Haram, reivindicando o sangrento ataque à cidade nigeriana de Baga no início de janeiro, qualificada de crime contra a Humanidade por Washington e Paris.
Neste vídeo, Abubakar Shekau em termos pejorativos os presidentes do Chade, Camarões e Níger, e os ameaça abertamente.Esses três vizinhos da Nigéria trabalham pela criação de uma força internacional contra os islamitas nigerianos.
Após uma reunião dos Estados da região na terça-feira em Niamey, os participantes decidiram transferir de Baga para N;Ddjamena, capital do Chade, o Estado-Maior da força armada regional que deverá combater o Boko Haram.
O Chade mobilizou seu exército na semana passada em Camarões para combater os extremistas. Em seu vídeo, Shakau diz ao presidente do Chade: "Idriss Déby, os reis da África (...) eu os desafio a me atacar agora. Eu estou pronto".
Ele também acusa o presidente camaronês de ter "medo" e de "pedir ajuda" frente aos ataques mortais do Boko Haram no extremo-norte de Camarões.
Ao nigerense Mahammadou Issoufou, ele disse: "você verá. Presidente do Níger, você verá. Você faz parte daqueles que simpatizaram com (o presidente francês François) Hollande, o neto de Charlie" Hebdo, o jornal vítima há 15 dias de um atentado islamita.
Terça-feira à noite, o exército camaronês travou um combate com o Boko Haram, que atacou a cidade de Bonderi. Em Yaundé, uma manifestação de apoio ao exército camaronês reuniu nesta quarta dezenas de jovens.
;Fora Boko Haram;
"Estamos juntos de nossos bravos soldados", "Fora Boko Haram", "Eu sou Kolofata", localidade do extremo norte dos Camarões atacada várias vezes pelo Boko Haram, gritavam os manifestantes.
Os 13 países presentes na reunião em Niamey, incluindo a Nigéria, também decidiram "enviar uma resolução ao Conselho de Segurança da ONU sobre o Boko Haram", enquanto "a União Africana foi designada para assumir o comando das ações nos próximos meses ou semanas", informou nesta quarta-feira o ministro das Relações Exteriores do Níger, Mohamed Bazoum.
Neste contexto de tensão, a UA apelou nesta quarta-feira para a conclusão rápida da formação da força regional, que deve contra com um mandato da ONU e um financiamento especial.
"O Boko Haram é uma ameaça não apenas para a Nigéria e a região, mas também para todo o continente. A situação exige da África esforços coletivos", declarou o presidente da Comissão de UA, Nkosazana Dlamini-Zuma.