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Presidente denuncia presença de mais de 9.000 soldados russos na Ucrânia

O líder, que discursava no Fórum Econômico Mundial em Davos (Suíça), também assegurou que em dois anos seu país será independente de seu vizinho em matéria energética

Davos, Suíça - Mais de 9.000 soldados russos estão implantados no leste da Ucrânia, onde um conflito opõe o exército regular aos separatistas pró-russos, denunciou nesta quarta-feira o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko.

O líder, que discursava no Fórum Econômico Mundial em Davos (Suíça), também assegurou que em dois anos seu país será independente de seu vizinho em matéria energética. "Temos mais de 9.000 soldados da Federação da Rússia em nosso território, com mais de 500 tanques, artilharia pesada e veículos de transporte de tropas", declarou o líder ucraniano na tribuna do Fórum.


"Eu prometo que haverá uma situação clara e estável na Ucrânia se a Rússia aplicar estes pontos (dos acordos de paz assinados em Minsk, em setembro): o fechamento da fronteira e a retirada das tropas estrangeiras de nosso território ", acrescentou. "A solução (para o conflito) é muito simples: parar de fornecer armas, parar de fornecer munições, retirar as tropas e fechar a fronteira. Este é um plano de paz muito simples", insistiu antes para ser aplaudido.



A Ucrânia acusa há meses a Rússia de enviar tropas para o leste separatista, o que Moscou nega. O exército ucraniano chegou a afirmar na terça-feira que suas tropas foram atacadas pelo exército russo perto de Lugansk, reduto dos separatistas pró-russos. Poroshenko deve retornar à Ucrânia logo após seu discurso na Suíça em razão da "deterioração da situação" no leste nos últimos dias.

A Ucrânia, que compra da Rússia gás, carvão e combustível nuclear, também acabará com esta dependência, assegurou Poroshenko."Temos um novo meio de receber gás europeu. Teremos a tecnologia para a produção de gás de xisto em nosso país", explicou.

O país tem tido grandes dificuldades econômicas, agravadas pela guerra e pelo fim do fornecimento por vários meses do gás russo. Kiev acusou Moscou de "agressão econômica" após o Kremlin decidir aumentar suas tarifas pouco após a queda do presidente pró-russo Viktor Yanukovitch.

Os ministros das Relações Exteriores da Ucrânia, Rússia, Alemanha e França vão se reunir nesta quarta-feira em Berlim para tentar "evitar uma nova escalada do confronto militar e uma nova escalada política entre Kiev e Moscou", segundo o chanceler alemão, Frank-Walter Steinmeier.

Os combates no leste separatista da Ucrânia, que já deixaram mais de 4.800 mortes em nove meses, redobrou a violência nos últimos dez dias.