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Laboratório não encontra DNA em amostras de estudantes mexicanos mortos

De acordo com a investigação oficial, os 43 estudantes foram mortos e incinerados no lixão da comunidade de Cocula, vizinha de Iguala, por membros do cartel guerreiros Unidos

O laboratório austríaco Innsbruck não encontrou DNA útil nas 16 amostras enviadas pelo governo mexicano para identificar, pelo método "mitocondrial", alguns dos 42 estudantes supostamente massacrados em Guerrero, informou nesta terça-feira a promotoria federal.

O Instituto de Medicina Forense da Universidade de Innsbruck, que já identificou um dos 43 alunos, concluiu em um relatório enviado ao Ministério Público, que "o calor excessivo destruiu o DNA e DNA mitocondrial nos restos".

A promotoria enviou em novembro passado para a Áustria 17 amostras supostamente pertencentes aos jovens desaparecidos em setembro passado na cidade de Iguala, localizada no estado de Guerrero (sul).

De acordo com a investigação oficial, os 43 estudantes foram mortos e incinerados no lixão da comunidade de Cocula, vizinha de Iguala, por membros do cartel guerreiros Unidos.


Os peritos da promotoria encontraram 17 restos mortais em um dos oito sacos em que os atacantes depositaram as cinzas que haviam sido jogadas em um rio.

O relatório da Innsbruck adverte que ainda há a possibilidade de usar uma nova tecnologia, o "Sequenciamento Paralelo em Massa", para conseguir a identificação, mas há o risco de os "extratos de DNA serem consumidos sem obter qualquer resultado adicional".

A promotoria mexicana pediu ao laboratório austríaco a realização imediata dos testes sob a técnica de sequenciamento paralelo em massa, disse a agência em um comunicado.

O laboratório informou no início de dezembro que um dos 17 resíduos enviados pertence a Alexander Mora, um dos 43 estudantes da escola rural de Ayotzinapa que foram brutalmente atacados pela polícia de Iguala na madrugada de 27 de setembro em um crime que chocou a comunidade nacional e internacional.

Este ataque trágico mergulhou o governo do presidente Enrique Peña Nieto (2012-2018) na pior crise desde que assumiu o poder com enormes manifestações de indignação em várias cidades.