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Décimo aniversário da morte de Zhao Ziyang é lembrado sob forte vigilância

Zhao Ziyang foi afastado do poder por ter se negado a reprimir os manifestantes na praça Tiananmen em 1989

Várias dezenas de pessoas lembraram neste sábado em Pequim, sob forte vigilância policial, o décimo aniversário da morte do ex-número um Zhao Ziyang, afastado do poder por ter se negado a reprimir os manifestantes na praça Tiananmen em 1989.

As pessoas, com coroas de flores, se aproximavam em pequenos grupos da residência de Pequim onde o ex-líder comunista viveu até seu falecimento. Os policiais, mobilizados na porta da casa, impediram a entrada de vários jornalistas estrangeiros.

Zhao morreu aos 85 anos e uma década depois de sua morte continua sendo uma figura respeitada pelos defensores chineses dos direitos humanos, que valorizam sua posição durante o movimento democrático de 1989.

Na época, Zhao, secretário-geral do Partido Comunista Chinês (PCC), se opôs a reprimir os estudantes que haviam se concentrado pacificamente na famosa praça de Pequim.

Zhao havia tentado dialogar com os estudantes pedindo, com lágrimas nos olhos, que deixassem a praça. No entanto, o líder chinês não pôde impedir a repressão sangrenta do movimento, que provocou a morte de centenas de pessoas na capital.

Depois de ter sido destituído, Zhao passou os últimos 15 anos de sua vida em prisão domiciliar.

Sun Wenguang, de 80 anos, um dos veteranos da dissidência chinesa, lamentou não poder comparecer à cerimônia deste sábado devido à vigilância policial de sua casa em Shandong (leste).

"Há anos não posso me deslocar para honrar sua memória. A pressão das autoridades é mais forte que antes e a situação atual incita o pessimismo", declarou Sun à AFP em uma conversa telefônica.



Bao Tong, ex-líder do partido e secretário de Zhao Ziyang, também protestou indignado pelo controle das autoridades. "É claro que é algo completamente ridículo e uma paródia do Estado de direito", disse Bao Tong em um comunicado divulgado pela Rádio Free Asia.

"Zhao queria que todos fossem cidadãos, uma comunidade de homens livres", disse Bao Tong. Para o poder, honrar a memória de Zhao Ziyang é algo subversivo. Em 2006 vários militantes e advogados que haviam preparado uma cerimônia em sua homenagem foram detidos.