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Europa realiza operações antiterroristas após atentado frustrado na Bélgica

Em Paris, onde recebeu o secretário de Estado americano John Kerry, o presidente da França, François Hollande, pediu uma resposta 'coletiva e firme' ao terrorismo que combatemos

Bruxelas- Prisões de 15 supostos integrantes de uma célula terrorista prestes a assassinar policiais e indiciamento de cinco suspeitos na Bélgica, desmantelamento do movimento islamita em Berlim e detenções na região de Paris: a Europa entrou nesta sexta-feira (16/1) em guerra contra os jihadistas após os atentados na capital parisiense.

Em Paris, onde recebeu o secretário de Estado americano John Kerry, o presidente da França, François Hollande, pediu uma resposta "coletiva e firme" ao terrorismo que combatemos. A investigação sobre os ataques que mataram 17 pessoas na semana passada começam a dar resultados na França: 12 pessoas foram detidas na madrugada desta sexta-feira.

[SAIBAMAIS]"Os oito homens e quatro mulheres são suspeitos de possível apoio logístico" aos assassinos, segundo uma fonte judicial. "Estas detenções mostram a determinação do Estado. O Estado quer atuar de maneira implacável, para colocar as mãos em todos aqueles que foram cúmplices destes ataques bárbaros", declarou o primeiro-ministro socialista, Manuel Valls.

A Bélgica, por sua vez, prendeu 15 pessoas em seu território, como parte de uma operação planejada há semanas para "desmantelar uma célula terrorista e sua rede logística" que estava prestes a "matar policiais nas ruas e nas delegacias", revelou nesta sexta-feira o Procuradoria Federal.

Após a operação, a promotoria belga acusou cinco pessoas de "participação em atividades de um grupo terrorista". Três se encontram em prisão provisória e os outros dois foram colocados em liberdades sob condições. Além disso, dois cidadãos belgas foram presos na França, e a Bélgica pedirá sua extradição, indicou um substituto do procurador, Thierry Werts, durante uma coletiva de imprensa.

A operação foi marcada por uma violenta ação da polícia em Verviers (leste). Dois suspeitos morreram durante uma troca de tiros, e um terceiro foi preso. Eles estavam prestes a agir "no máximo dentro de poucos dias", afirmou Werts. O trio estava em posse de "quatro fuzis do tipo Kalashnikov AK 47", bem como armas de fogo, munições, uniformes da polícia, telefones celulares, equipamentos de comunicação, documentos falsificados e grandes somas de dinheiro.

Golpe importante

O grupo, cujos membros combateram na Síria, planejava ataques em toda a Bélgica, segundo informou outro substituto, Eric Van der Sijpt. Mais de 3.000 jovens europeus foram lutar na Síria, de acordo com especialistas. Destes, cerca de 30% retornaram à Europa.

"A operação representa um golpe importante para o terrorismo na Bélgica", considerou Van der Sijpt. "As operações no terreno foram concluídas", declarou o ministro das Relações Exteriores belga, Didier Reynders. O nível de ameaça terrorista, descrito como "grave", foi rebaixado durante a noite, a 3 em uma escala de 4, para todo o reino. A Comissão Europeia também indicou ter reforçado a sua segurança.

Em Bruxelas, as entradas das delegacias estão sendo monitoradas e a segurança do Palácio da Justiça foi reforçada. Os agentes foram instruídos a portar armas e coletes à prova de balas, e realizar patrulhas frequentes. Além disso, as aulas foram suspensas nas principais escolas judaicas da capital e da Antuérpia, bem como em um estabelecimento em Amsterdã, na Holanda. "Essa operação de limpeza pode levar outros a agir", explicou o ministro do Interior, Jan Jambon.

Considerada um terreno fértil do radicalismo islâmico, em meio ao desemprego e à pobreza, a cidade de Verviers vive o golpe. "Estou em estado de choque", declarou Eva Ruiz, que trabalha em uma escola perto do local da operação policial. "Nada disso deve perturbar o delicado equilíbrio que permite a cidade permanecer de pé", reagiu o prefeito Marc Elsen, que elogiou a "reação muito forte da comunidade muçulmana" local.



As autoridades belgas preparavam a operação há semanas, segundo a promotoria, antes mesmo dos ataques de Paris. A repressão "não faz parte de uma operação em grande escala a nível europeu", assegurou Van der Sijpt. "É essencialmente uma operação belga na Bélgica".

"Não há conexão entre os ataques em Paris e os programados na Bélgica ou entre os grupos", insistiu Reynders, embora tenha havido uma troca de informações entre as polícias belga e francesa. "Será necessário que todos os nossos parceiros compreendam que a troca de informações deve melhorar", disse o ministro, cujo país chama, especialmente junto com a França, por uma mobilização contra o terrorismo a nível europeu.

"O objetivo é prevenir, evitar que ataques sejam cometidos", ressaltou. Em Berlim, uma dúzia de incursões junto ao movimento islamista foram realizadas nesta sexta-feira. Dois turcos foram presos, suspeitos de serem membros de um grupo que planejava "um ato grave de violência na Síria", segundo a polícia. Na França, a comoção continua latente. O funeral de Charb, chefe da revista satírica Charlie Hebdo, ocorreu nesta sexta-feira em Pontoise, perto de Paris, assim como o do cartunista Honoré.