Doha, Catar - A União Mundial de Ulemás Muçulmanos estimou que não é sensato publicar novamente desenhos do profeta Maomé, como fez a Charlie Hebdo na capa de seu novo número, reproduzida por muitos jornais em todo o mundo. "Não é razoável, nem lógico, nem sensato, publicar desenhos ou filmes que ofendem o profeta ou atacam o Islã", escreveu em um comunicado o organismo, sediado no Catar e presidido pelo pregador catariano de origem egípcia Yussef Al Qaradaoui, vinculado à Irmandade Muçulmana.
[SAIBAMAIS]"Se estão de acordo que (os autores dos atentados de Paris) são uma minoria que não representa o Islã e os muçulmanos, como é possível responder com atos que não estão dirigidos contra eles, mas contra o profeta venerado por 1,5 bilhão de muçulmanos?", se pergunta o organismo no texto publicado na noite de terça-feira.
Publicar desenhos como esses só "dará credibilidade à tese (dos autores dos atentados) de que o Ocidente está contra o Islã", acrescenta. Estas publicações só "atiçarão o ódio, o extremismo e as tensões".
Os sobreviventes da revista Charlie Hebdo publicaram nesta quarta-feira seu primeiro número depois do atentado contra sua sede em Paris que deixou 12 mortos. Em sua capa, Maomé aparece com uma lágrima. A edição, que contou com uma impressão de três milhões de exemplares, será distribuída em 25 países. Em todo o mundo, muitos jornais publicaram na terça-feira a capa sem esperar a publicação da revista.