Donetsk- Onze civis foram mortos nesta terça-feira (13/1), no leste separatista pró-russo da Ucrânia, após um ônibus ser atingido por um ataque que visava uma barreira do exército ucraniano, o mais mortífero desde a declaração de uma trégua no dia 9 de dezembro.
O ataque perto da localidade de Bougas, 35 km ao sul de Donetsk, deixou dez mortos, "seis mulheres e quatro homens", declarou à AFP o porta-voz do exército ucraniano, Vyacheslav Seleznev. Treze civis ficaram feridos, acrescentou. Inicialmente, o exército havia informado sobre dez mortos e 13 feridos.
[SAIBAMAIS]"Uma barreira do exército foi alvejada às 14h30 (10h30 no horário de Brasília) por rebeldes que dispararam foguetes", indica o comunicado. Esta barreira está localizada na estrada entre Donetsk, capital regional e reduto dos rebeldes, e Mariupol, às margens do Mar de Azov e última grande cidade no leste da Ucrânia sob o controle de Kiev.
"Um projétil de artilharia contra uma barragem do exército ucraniano atingiu um ônibus, matando 10 pessoas", confirmou à AFP o chefe da polícia local pró-Kiev, Vyacheslav Abroskine. Ele indicou que mais "40 foguetes Grand foram disparados" e vários deles atingiram o ônibus. Segundo o exército ucraniano, os rebeldes dispararam a partir de Dokutsha;evsk, localidade situada 15 km ao nordeste da barreira visada.
Um líder separatista contactado pela AFP afirmou que "há dúvidas sobre a procedência dos tiros". Foi muito distante da nossa barreira mais próxima. Que os ucranianos que disparam há seis dias contra Donetsk que se expliquem", lançou.
Ao balanço deste incidente, soma-se as mortes de um soldado e de três civis na cidade de Donetsk anunciados no início da manhã, um dia após o fracasso de novas discussões em Berlim para organizar uma cúpula de paz com os líderes ucraniano, russo, alemão e francês.
Depois de um período de calma relativa desde a trégua de 9 de dezembro, o leste separatista voltou a registrar episódios de violência mortal no final da semana passada, enquanto os esforços para reavivar o processo de paz estão em um impasse.
"Intensificação das hostilidades nos últimos dias e as tentativas de fazer andar a linha de demarcação mostram que os militares russos e os terroristas escolheram o caminho da escalada em Donbass", acusou nesta terça-feira o porta-voz militar ucraniano Andrei Lyssenko.
Além disso, ele relatou a presença de drones perto das capitais regionais separatistas de Donetsk e Lugansk, bem como perto de Mariupol, porto estratégico sob controle das autoridades ucranianas. A missão de observação da OSCE para o leste da Ucrânia denunciou, por sua vez, em um comunicado um "aumento notável das violações do cessar-fogo" no leste.
Reunidos segunda-feira à noite em Berlim para resolver suas divergências, os ministros das Relações Exteriores ucraniano, russo, alemão e francês, não conseguiram fixar uma data para uma reunião sobre a Ucrânia no Cazaquistão, inicialmente anunciada por Kiev para 15 de janeiro.
O chefe da diplomacia alemã, Frank-Walter Steinmeier, sugeriu que não estavam dadas as condições para uma cúpula entre os presidentes russo Vladimir Putin e ucraniano Petro Poroshenko com a participação da chanceler alemã, Angela Merkel, e do presidente francês, François Hollande.
"Os compromissos que a Rússia deveria assumir durante tal cúpula são inaceitáveis para Moscou, que não reconhece ser parte do conflito, enquanto o Ocidente a acusa de ser responsável por seu naufrágio", disse Maria Lipman, analista independente. Acusada pelos ucranianos e o Ocidente de armar os rebeldes pró-russos no leste e de enviar tropas, 7.500 soldados até o momento, de acordo com Kiev, a Rússia nega qualquer envolvimento no conflito que já deixou mais de 4.700 mortos em nove meses.