Para Merkel, a mobilização desta terça-feira enviará uma mensagem muito forte à sociedade sobre a coabitação pacífica de diferentes regiões no país. A Alemanha, o país mais populoso da Europa, com cerca de 80 milhões de pessoas, tem quatro milhões de muçulmanos, 75% dos quais são de origem turca. As autoridades alemãs temem um aumento da tensão após os ataques na França.
Para o jornal Bild, a missão da chanceler é clara: preservar "a liberdade e proteger (a Alemanha) contra uma guerra terrorista". "Há dois temas sobre os quais (Merkel) é capaz de falar com vigor: a religião e a liberdade", acrescenta o jornal, lembrando que a chanceler, filha de um pastor, passou sua juventude na Alemanha Oriental.
Na tarde desta terça-feira, após um minuto de silêncio várias personalidades discursarão no Portão de Brandeburgo: Aiman Mazyek, co-organizador e presidente do Conselho Central dos Muçulmanos (ZMD), uma das associações representativas dos muçulmanos alemães, representantes das comunidades judaica, católica e protestante, assim como o presidente alemão, Joachim Gauck, que dará por concluída a manifestação.
25 mil pessoas em Dresde
A 15; manifestação em Dresde convocada pelo movimento islamofóbico Pegida (acrônimo em alemão de Europeus Patriotas contra a Islamização do Ocidente), que denuncia uma islamização da Alemanha, reuniu mais de 25 mil pessoas na segunda-feira, o que representa um recorde de afluência. O Pegida havia reunido 500 pessoas em sua primeira manifestação, no dia 20 de outubro.
[SAIBAMAIS]Na capital da Saxônia, muitos carregavam cartazes com referências aos atentados parisienses, como "Não podem matar nossa liberdade" ou "Liberdade de pensar em vez do terror salafista", misturados com "Islã = Câncer", "Não ao multiculturalismo" ou "Paz com a Rússia".
Desde outubro, o Pegida organiza todas as segundas-feiras uma manifestação contra o Islã e os demandantes de asilo, embora nesta ocasião tenha convocado a prestar homenagem às "vítimas do terrorismo de Paris". Mais de 100 mil contramanifestantes também saíram às ruas na segunda-feira na Alemanha para protestar contra o movimento islamofóbico e transmitir uma imagem de país solidário com as vítimas dos atentados de Paris, mas também tolerante e aberto ao mundo. "Não aceitaremos que extremistas que só procuram semear o ódio e a discórdia destruam nossa sociedade", indicaram as associações muçulmanas ao convocar a manifestação desta terça-feira.
Segundo uma pesquisa publicada na semana passada, mais da metade dos alemães (57%) considera o Islã como uma ameaça, e 61% acreditam que esta religião é incompatível com o Ocidente.