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Jihadista em mercado disse a TV francesa que pertencia ao Estado Islâmico

Antes de ser morto pela polícia, ele falou a uma televisão francesa que sua ação foi coordenada com a dos irmãos Kouachi, os suspeitos pela chacina na revista Charlie Hebdo


Um canal de televisão francesa, o BFMTV, conseguiu falar por telefone com dois jihadistas entrincheirados em pontos diferentes de Paris antes da dupla ação policial que os matou e libertou seus reféns. O jihadista que fez reféns em um mercado de produtos judaicos, Amedy Coulibaly, afirmou que sua ação foi coordenada com a dos irmãos Kouachi, os suspeitos pela chacina na revista Charlie Hebdo. Falando ao BFMTV, Coulibaly afirmou ainda pertencer ao grupo Estado Islâmico.

Veja abaixo a transcrição do diálogo que Coulibaly manteve com um jornalista da emissora.

BFMTV: ; Por que você está aí?

Coulibaly: ; Eu estou aqui porque o Estado francês atacou o Estado Islâmico, o califado.

BFMTV: ; Você recebeu ordens?

Coulibaly: ; Sim.

BFMTV: ; Você tem ligação com os dois irmãos?

Coulibaly: ; Sim. Nós sincronizamos o início de nossas operações. Eles, com Charlie Hebdo, eu, com os policiais.

BFMTV: ; Vocês ainda estão mantendo contato? Você falou com eles por telefone recentemente?

Coulibaly: ; Não.

BFMTV: ; Você ainda está com sua esposa?

Coulibaly: ; Não, estou sozinho. Minha esposa não está aqui.

BFMTV: ; Quantas pessoas estão no mercadinho?

Coulibaly: ; Há quatro mortos e 16 pessoas com uma criança, com a criança dá um total de 17. (Ele fala com alguém) Ele diz que há oito mulheres.

BFMTV: ; O que você quer?

Coulibaly: ; Quero que o Exército saia do Estado Islâmico, de todos os locais para onde ele foi enviado para lutar contra o Islã. Estou disposto a negociar... Diga a eles que me liguem.

BFMTV: ; Você faz parte de qual grupo?

Coulibaly: ; Estado Islâmico.

BFMTV?: ; Você foi até lá (ndr: na Síria ou no Iraque)?

Coulibaly: ; Eu evitei, porque se eu fizesse isso, ia comprometer meu projeto.

BFMTV: ; Você escolheu esse mercado por alguma razão específica?

Coulibaly: ; Sim. Os judeus. É por toda a opressão, particularmente sobre o Estado Islâmico, mas também em todos os lugares. É por todos os lugares onde os muçulmanos são oprimidos. A Palestina é um desses lugares.

BFMTV: ; Além dos dois irmãos, mais alguém está agindo com você?

Coulibaly: ; Não vou responder a essa pergunta. Chega de perguntas. Dê meu número para a polícia.

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O canal também conseguiu falar por telefone com Chérif Kouachi, um dos supostos autores da chacina na Charlie Ebdo e que estava entrincheirado em uma gráfica em Dammartin-en-Go;le. Segundo ele, sua viagem à França foi financiada pelo islamita americano-iemenita Anwar al Awlaki, morto no Iêmen em setembro de 2011, em um bombardeio de um drone americano.

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Amedy Coulibaly, por sua vez, disse que atuava na França sob ordens da Al-Qaeda na Península Arábica (AQPA), facção da Al-Qaeda na Arábia Saudita e no Iêmen. Imediatamente depois da matança na revista Charlie Hebdo, um dos agressores chegou a gritar para uma motorista que teve seu carro roubado: "Diga que somos da Al-Qaeda no Iêmen".

Coulibaly, que reivindicou ser do Estado Islâmico, explicou que sua ação foi coordenada com a dos irmãos Kouachi. "Eles, Charlie Hebdo, eu, os policiais", disse, em referência aos ataques que os três protagonizaram. Ele também esclareceu que escolheu um mercado de produtos judaicos porque sua intenção era matar judeus.