A fotógrafa brasileira Nayla Desirée, 23 anos, mora na mesma rua em que funciona a sede da revista Charlie Habdo, em Paris, e relatou ao Correio momentos de tensão. "Quando cheguei em casa vi a polícia tirando os corpos e colocando os feridos nas ambulâncias. Fiquei assustada, a minha primeira reação foi ligar para o meu marido e ver se estava tudo bem", contou.
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A piauiense, que mora na França há três anos, estava trabalhando no momento do tiroteio. Quando voltou para casa, após as 12h, se deparou com a rua interditada. "Os policiais pediram para ficarmos na calçada. Quem morava perto foi orientado a ir para casa. A moça que fica na portaria do meu prédio presenciou o ataque e estava em estado de choque", relatou. "Vi muitos carros com marcas de tiros e vitrines quebradas", completou.
A sede da revista funcionava em um bairro residencial de Paris. A brasileira contou que o prédio não tinha nenhuma identificação com o nome do veículo de comunicação. "Tenho vizinhos que moram aqui há 17 anos e não sabiam que a Charlie Hebdo estava instalada neste bairro, nem eu tinha noção. Já vi alguns rapazes conversando na calçada, mas não imaginava que eram jornalistas", contou. "Estamos em estado de pânico", enfatizou.
[SAIBAMAIS]A população parisiense está apreensiva, uma vez que os suspeitos ainda não foram identificados. "Depois que o presidente declarou estado vermelho e classificou o ato como atentado terrorista, ficamos com medo de novos ataques", desabafou a brasileira. Os moradores não podem sair com carros porque as pistas foram interditadas, orientações para tomar cuidado ao circular com o transporte público também foram passadas para a população.
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A francesa Noemie Robert, 23 anos, trabalha em uma agência bancária que fica a 20 minutos da sede da Charlie Hebdo. A jovem relatou que estava saindo para comprar o almoço quando recebeu o alerta dos seguranças do prédio.
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Segundo Noemie, ninguém estava impedido de sair, no entanto os funcionários preferiram seguir a orientação e permaneceram no edifício. "Quando voltei para minha estação de trabalho, acompanhei o que havia acontecido pela tevê. Isso realmente me deixa chocada, aconteceu muito perto. Estou bem, mas sinto pelo Habdo", declarou.
O ataque
Homens invadiram o escritório da revista francesa Charlie Hebdo e mataram ao menos 12 pessoas, entre elas, dois policiais e quatro cartunistas. Ao disparar vários tiros, os suspeitos gritaram: "Vingamos o Profeta", em referência a Maomé, alvo de uma charge publicada há alguns anos pela revista, o que provocou revolta no mundo muçulmano.