Beji Caid Esebsi, de 88 anos, prestou juramento nesta quarta-feira (31/12) no Parlamento tunisiano, tornando-se o primeiro presidente eleito democraticamente na história da Tunísia, quatro anos após a revolução que abriu caminho para a Primavera Árabe.
O novo chefe de Estado prometeu "ser o presidente de todos os tunisianos e tunisianas" e fez um apelo ao "consenso entre os partidos políticos e os integrantes da sociedade civil", em um breve discurso depois de prestar juramento. "Não há futuro para a Tunísia sem reconciliação nacional", acrescentou, enquanto muitos opositores e atores da revolução de 2011 mostram-se preocupados pela relação próxima entre Esebsi e ex-líderes do partido do presidente deposto Zine el Abidine Ben Ali.
Esebsi venceu no dia 21 de dezembro, com cerca de 55% dos votos, o segundo turno das eleições presidenciais contra o presidente em fim de mandato Moncef Marzuki.
Ambos se reuniram nesta quarta-feira no palácio presidencial de Cartago para a cerimônia de entrega de poderes. Sorridentes, Marzuki e seu sucessor se abraçaram diante das câmeras de televisão.
Esebsi se converteu no primeiro chefe de Estado tunisiano eleito democraticamente. Antes dele, o pai da independência, Habib Burguiba, e Ben Ali recorreram ao plebiscito e a eleições fraudulentas. Marzuki foi, por sua vez, eleito por uma Assembleia Constituinte, após um acordo político com os islamitas do Ennahda.
Se entender com os islamitas
Esebsi é um veterano político que foi ministro durante o regime de Habib Burguiba e, brevemente, presidente do Parlamento com Ben Ali, antes de se retirar da vida pública.
Voltou à cena após a revolução de 2011 e liderou por alguns meses o governo encarregado de organizar as eleições da Assembleia Constituinte conquistadas pelos islamitas do Ennahda.
Nos três anos seguintes, construiu seu partido Nidaa Toun;s, uma formação heterogênea que reúne empresários, intelectuais, sindicalistas, militantes de esquerda e representantes do antigo regime. Esebsi também se impôs como o principal opositor aos islamitas, acusados por ele de terem levado a Tunísia à beira do abismo.
Agora deverá encarregar seu partido de formar um governo com um primeiro-ministro capaz de obter a maioria no Parlamento, já que, embora o Nidaa Toun;z tenha vencido as eleições legislativas de outubro, não possui maioria absoluta, com 86 assentos de um total de 217.
Para isso, deverá se entender com o Ennahda (69 deputados), segundo partido no Parlamento, criticado duramente durante a campanha. Os outros 62 assentos se dividem entre diversos partidos que vão da extrema-esquerda à centro-direita.