Beirute- Os corpos de 230 pessoas mortas pelo Estado Islâmico (EI) foram descobertos numa vala comum por parentes das vítimas na província de Deir Ezzor, leste da Síria - anunciou nesta quarta-feira (17/12) uma ONG.
As vítimas são membros da tribo sunita dos Chaitat, originária da província, que se rebelou contra o EI. Ao todo, 900 membros da tribo morreram. Os dados são do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), que utiliza uma ampla rede de militantes e informantes de todo o país, assolado há três anos por um grave conflito civil.
"A ampla maioria dos mortos era de civis e eles foram executados em represália por terem se rebelado contra o EI", afirma a ONG. Os membros da tribo descobriram a vala comum depois que o EI os autorizou a voltar a seu povoado, do qual haviam sido expulsos. Para poder voltar, tiveram de aceitar um toque de recolher noturno, assim como não realizar aglomerações ou portar armas.
Os Chaitat se rebelaram contra o EI, que a partir de agosto massacrou mais de 700 integrantes da tribo, a maioria civis, segundo o OSDH. Responsável por diversas atrocidades e acusado de crimes contra a humanidade pelas Nações Unidas, o grupo ultra-radical sunita combate na Síria em diversas frentes, contra o regime de Bashar al-Assad, rebeldes de outras orientações e os curdos, e é conhecido por decapitar e até crucificar seus inimigos.
O conflito na Síria teve início em março de 2011, após a repressão de manifestações pacíficas contra o regime do presidente Bashar al-Assad. A rebelião contra o regime em Damasco passou a segundo plano após a devastadora ofensiva do EI sobre amplas zonas da Síria e do Iraque, onde o grupo jihadista estabeleceu um "Califado Islâmico". A revolta na Síria já deixou mais de 200 mil mortos e milhões de refugiados.