Nova Délhi- A segurança das mulheres na Índia não melhorou desde o estupro coletivo que matou uma estudante de Nova Délhi há dois anos e comoveu o mundo - é o que dizem os pais da vítima, nesta terça-feira.
Vigílias e atos públicos em prol da segurança das mulheres ocorreram em Nova Délhi para marcar o segundo aniversário do ataque, que alavancou uma onda de indignação pela situação da violência contra mulheres na Índia.
A mãe da estudante de 23 anos disse estar devastada pelos ainda altos índices de ataques a mulheres, apesar de leis mais duras contra os estupradores. "Ataques ocorrem todos os dias", disse a mãe, que não pode ser identificada por questões legais, à rede de televisão NDTV. "Vendo notícias diárias sobre violência contra mulheres, tenho a impressão de que nada mudou".
Uma pesquisa publicada nesta terça-feira disse que 91% das mulheres não sentiu qualquer melhora na segurança apesar das medidas tomadas após o estupro coletivo - incluindo melhor policiamento, um disque-denúncia exclusivo para mulheres, tribunais mais céleres e a nova legislação.
A pesquisa, encomendada pelo jornal Hindustan Times, ouviu 2.557 mulheres e mostrou que 97% das entrevistadas relatou já ter sido alvo de algum tipo de violência sexual. A estudante de fisioterapia foi brutalmente atacada por seis homens após entrar em um ônibus quando voltava para casa, em 16 de dezembro de 2012.
A estudante, que também foi atacada com uma barra de ferro, morreu 13 dias depois em decorrência dos graves ferimentos - mas conseguiu relatar o ocorrido à polícia. A brutalidade do crime desencadeou uma série de protestos no país.
Quatro dos seis agressores foram julgados e condenados à pena de morte em setembro de 2013, depois que o caso foi acelerado. Um menor, que também participou do estupro coletivo, levou uma pena correcional. Outro criminoso se suicidou na cadeia.
O caso chamou atenção para a forma como as mulheres são tratadas na Índia, e levou a iniciativas para educar os homens sobre respeito e igualdade de gêneros, em uma sociedade extremamente patriarcal.
Ativistas dizem, contudo, que o caso ocorrido neste mês - em que uma passageira foi agredida por um motorista de táxi com um histórico de violência sexual - mostra que a Índia ainda tem um longo caminho pela frente. Longe da programação que marca os dois anos da morte da jovem, o pai da vítima pediu uma mudança coletiva de postura em relação às mulheres.
"O governo mudou as leis, mas só isso não resolve. Para que as coisas mudem, a sociedade como um todo precisa mudar a forma como trata e olha as mulheres", disse o pai à AFP. "Este triste aniversário é obviamente um dia de muita dor para nós. Todas aquelas lembranças ruins afloram. Esperamos apenas que os assassinos da nossa filha estejam mortos antes do próximo do próximo ano".