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Kerry faz apelo dramático por acordo sobre redução de emissões

a visão de Kerry, estas vozes devem "deixar claro que um acordo amplo no ano que vem, em Paris, não é uma opção, mas uma necessidade. Porque não temos opções"

O secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou nesta quinta-feira que a comunidade internacional não tem outra opção que alcançar um acordo amplo de redução de emissões para o ano que vem, e fez um apelo a ativistas e especialistas para que exijam resultados.

"Convoco todos, negociadores, diplomatas, cientistas e ativistas para que peçam resultados aos seus líderes, que reivindiquem, que façam das mudanças climáticas um tema central de agora, não das próximas eleições", disse Kerry ao discursar na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, celebrada em Lima, Peru.

Na visão de Kerry, estas vozes devem "deixar claro que um acordo amplo no ano que vem, em Paris, não é uma opção, mas uma necessidade. Porque não temos opções".

Ele afirmou, ainda, que nenhum país poderá resolver individualmente os desafios trazidos pelas mudanças climáticas, nem pagar a conta por si só, porque o problema requer uma solução global.

"Nenhum país isolado, nem mesmo os Estados Unidos, pode resolver o problema ou pagar a conta sozinho. Isso é literalmente impossível. É preciso uma solução global", disse o chefe da diplomacia americana.

"Não vamos resolver todos os problemas aqui ou em Paris (na cúpula de 2015), mas devemos tomar medidas gigantescas para seguir adiante. Isto significa tomar atitudes e adotar compromissos", disse.

Segundo Kerry, é evidente que "os países industrializados têm que assumir a liderança" na adoção de políticas para enfrentar as mudanças climáticas, mas os países em vias de desenvolvimento "não podem repetir os erros do passado".


- Ameaça das mudanças climáticas -

O chefe da diplomacia americana lembrou que "mais da metade das emissões de carbono atualmente provêm dos países em desenvolvimento. É imperativo, então, que eles também façam a sua parte".

A resposta dos Estados Unidos ao desafio das mudanças climáticas, prosseguiu Kerry, está na legislação adotada pelo presidente americano, Barack Obama, para reduzir dramaticamente o nível das emissões nos transportes e nas centrais geradoras de energia.

"É o plano mais ambicioso que os Estados Unidos já adotaram e estamos orgulhosos dos objetivos que assumimos", comentou.

Os desafios trazidos pelas mudanças climáticas são "uma prova para os líderes de todo o mundo. Cada nação tem a responsabilidade de fazer a sua parte e só os que fazem algo podem reivindicar um papel de liderança. Se você é um país desenvolvido e não faz nada, então é parte do problema", acrescentou.

Em um discurso de aproximadamente meia hora, Kerry lembrou que o mundo atual enfrenta desafios como grupos radicais e epidemias. "Mas as mudanças climáticas são uma das ameaças mais importantes", destacou.

Para Kerry, "as próximas gerações não nos perdoarão se não fizermos nada. Julgarão nosso fracasso não apenas como uma questão política, mas também como uma questão moral. E não teremos desculpas".

A cúpula de Lima visa a elaborar um esboço do acordo que deverá ser aprovado na COP21, em dezembro de 2015, em Paris, que entre outras coisas prevê reduzir as emissões de carbono a fim de limitar a 2; C o aumento da temperatura da Terra com relação à era pré-industrial.