Lima- O presidente peruano, Ollanta Humala, ratificou que haverá ações judiciais contra o grupo ambientalista Greenpeace por invadir o precioso sítio arqueológico das Linhas de Nazca, ao mesmo tempo em que exigiu desculpas públicas de parte desta ONG.
"Espero que haja um pedido de desculpas desta ONG à margem das ações que o ministério da Cultura e o ministério da Justiça estão realizando", disse Humala nesta quinta-feira, em declarações à emissora de TV estatal.
[SAIBAMAIS]Trata-se da primeira reação do presidente, depois que na segunda-feira (8/12) o Greenpeace entrou na zona de geoglifos conhecida como Linhas de Nazca, para estender letras em tecido no chão que formaram os dizeres "Time for change: The future is renewable" (Tempo de mudança: o futuro é renovável).
A declaração presidencial ocorre no dia seguinte de o vice-ministro peruano da Cultura recusar o pedido de desculpas de um representante do Greenpeace, a quem recebeu, pois a ONG não aceita ter causado danos às Linhas de Nazca.
"Não aceitamos as desculpas. Eles não aceitam os danos causados", explicou o vice-ministro da Cultura, Luis Jaime Castillo, após receber na quarta-feira Mauro Fernández, porta-voz do Greenpeace na Conferência das Partes da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP20), celebrada em Lima entre 1; e 12 de dezembro.
As Linhas de Nazca, com mais de 2.000 anos de antiguidade e que representam figuras geométricas, antropomorfas, zoomorfas e fitomorfas só podem ser vistas do alto. O governo peruano anunciou esta semana que tomará atitudes contra os ativistas do Greenpeace por ter entrado ilegalmente neste sítio, muito sensível a qualquer intervenção.
"Pude ver duas mensagens", disse Humala, ao se referir à ação do Greenpeace. "Uma sobre o tema que estamos abordando aqui (as mudanças climáticas), mas há uma mensagem mais ampla que é uma falta de respeito com o nosso patrimônio cultural e as leis peruanas".
As Linhas de Nazca, patrimônio da humanidade da Unesco, ficam nos Pampas de Nazca, 450 km ao sul de Lima. O Ministério Público acolheu uma denúncia do ministério da Cultura contra os ativistas do Greenpeace, aos quais solicitou um impedimento de saída do Peru.
Segundo o MP, foram constatados "danos irreparáveis" em uma área de 40 m2, na zona onde fica a figura do beija-flor ou colibri. A promotora Velia Begazo destacou que o ato do Greenpeace constitui "um crime contra o patrimônio cultural que é penalizado de três a seis anos de prisão".
O diretor executivo do Greenpeace, Kumi Naidoo, deve chegar a Lima antes do fim de semana para se desculpar com as autoridades e assumir as eventuais responsabilidades pelos danos causados. Estima-se que tenham sido 12 os ativistas do Greenpeace que, no mínimo, participaram do protesto nas Linhas de Nazca.