Doha- Os líderes das monarquias petrolíferas do Golfo se reuniram nesta terça-feira (9/12) no Catar para sua cúpula anual depois de nove meses de disputas emudecidas pela ameaça dos grupos jihadistas e da crescente influência do Irã.
A cúpula, que por pouco não foi cancelada, acontece em meio a uma ofensiva jihadista no Iraque e na Síria, ao agravamento da violência no Iêmen e à queda do preço do petróleo. "O simples fato de a reunião ser realizada" e dos líderes do Golfo se reunirem é, "em si, um sucesso", declarou à AFP uma autoridade do Catar.
A crise que eclodiu em março é a mais grave já enfrentada desde a criação, em 1981, do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), que inclui Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Omã e Catar.
Riad, Abu Dhabi e Manama acusaram Doha de desestabilizar a região por seu apoio à Irmandade Muçulmana, particularmente no Egito, e de conceder asilo aos oponentes islâmicos hostis a seus regimes.
Uma reconciliação foi selada em novembro e se concretizou pelo anúncio do retorno dos três embaixadores do Golfo a Doha, graças à mediação do Kuwait e sobretudo pelo reposicionamento dos sauditas que trabalharam para amenizar as divergências árabes, em particular entre o Catar e o Egito.
Há uma vontade clara dos países do Golfo, em sua maioria sunitas, de superar as divergências frente a desafios como os conflitos no Iraque, Síria a Iêmen, o perigo representado pelos grupos jihadistas a sua própria segurança e as tentativa sdo Irã xiita de aproveitar a situação para ampliar sua influência regional, consideram os analistas.
Há meses, a Árabia e os Emirados tentam conseguir concessões do Catar para que demonstre, por atos, que parou de ajudar "grupos extremistas".
Cooperação militar
A reunião de Doha, que deveria durar dois dias, será realizada apenas nesta terça-feira (9/12), segundo o comitê de organização. Pouco após às 16h00 (11h00 de Brasília), os chanceleres dos seis países do CCG iniciaram uma reunião preparatória da cúpula, prevista para 18h00 (13h00 de Brasília).
Vários membros do CCG fazem parte da coalizão internacional liderada por Washington e que realiza ataques no Iraque e na Síria conta o grupo Estado Islâmico (EI). Os líderes do Golfo devem discutir meios de fortalecer a cooperação militar do grupo, principalmente nas atividades navais e da força policial conjunta.
Também devem analisar os progressos quanto a implementação de vários acordos de luta contra o terrorismo. Um acordo de união aduaneira também deve ser citado. Ele deveria entrar em vigor no próximo mês, mas muito provavelmente será adiado.
No topo das prioridades está a vertiginosa queda dos preços do petróleo, que representa 90% das receitas do GCC. O preço do petróleo perdeu 40% de seu valor desde junho. Isto significa que os países do CCG poderiam perder cerca de US$ 300 bilhões.
Os preços continuaram a cair após a decisão no mês passado da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) de manter sua produção inalterada, principalmente sob a pressão dos países do Golfo liderados pela Arábia Saudita, ansioso para preservar suas ações.