Três quartos dos judeus franceses se salvaram da deportação durante a Segunda Guerra Mundial, a maior proporção entre todos os países ocupados pelos nazistas, afirmou na segunda-feira um funcionário de alto escalão dos Estados Unidos.
"Acredito que quase ninguém reconhece: entre todos os países sob ocupação nazista, a França teve de longe a maior porcentagem de judeus que salvaram sua vida", disse Suart Eizenstat, conselheiro especial sobre o Holocausto do secretário de Estado John Kerry, durante a assinatura de um acordo entre Washington e Paris sobre a indenização das vítimas, especialmente americanas, da Shoah.
Eizenstat lembrou que "76.000 judeus foram deportados da França para sua morte em Auschwitz e para outros campos de concentração" nazistas.
No entanto, "75% dos judeus se salvaram graças à coragem de homens e mulheres franceses e de igrejas francesas que consideraram estes judeus como cidadãos franceses iguais" a eles, disse o funcionário durante uma cerimônia realizada na sede do Departamento de Estado, na qual apareceu junto à embaixadora francesa para os Direitos Humanos Patrizianna Sparacino-Thiellay.
A diplomata, que falou em inglês, prestou homenagem aos presidentes Jacques Chirac e François Hollande, que, em 1995 e em 2012, respectivamente, reconheceram a responsabilidade de seu país, através do regime de Vichy, na deportação de judeus.
"Este obscuro capítulo de nossa história foi escrito pelo suposto ;governo do Estado francês;, que colaborou com as autoridades de ocupação alemãs e ajudou diretamente a deportar 76.000 judeus", disse.
Segundo os historiadores, em 1940 viviam na França 340 mil judeus, 150 mil dos quais eram estrangeiros. Dos 76 mil que foram deportados aos campos da morte, 25.000 eram franceses.
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Após o acordo de segunda-feira, Paris entregará 60 milhões de dólares às vítimas não francesas da Shoah, em sua maioria americanas, deportadas da França.
Este caso colocou em risco uma série de contratos da companhia ferroviária francesa SNCF nos Estados Unidos. Os 76.000 judeus deportados entre 1942 foram transferidos de trem da França aos campos de extermínio. Apenas 3.000 conseguiram sobreviver, segundo o grupo ferroviário europeu.